terça-feira, 23 de agosto de 2011

Séu Cifrão

Pasme com a criança na beira da estrada à frente dum caminho de lágrimas no asfalto quente, com aquele jovem rechaçado com dores de dente e com uma senhora que insiste em dizer ser amada.
Pasme com a vida descrita pela nossa história mal-dita e com a coca-cola na geladeira, ao lado dos verbos do seu léxico e da margarina.
É que nessa guia miserável, vamos nos fazendo de ensejos, nos esbarrando em carinhos feitos por mães modernas, lacônicas, e correndo atrás de uma influência paterna escondida por detrás de TVs e automóveis.
Sem heróis para sustentarem hipóteses, teses ou antíteses; sem foz para desaguar nosso mar, afogamos identidades, que se lêem estandartes, em referências absurdamente gastas pelos nossos próprios conceitos morais.
Que numa prece, então, rogue-mos nos altares da rotina, para um deus lobista, inexorável, e seus três poderes - moeda, mercado e o capital - por sonhos mais caros e muita proteção fiscal.

2 comentários:

Felipe Arruda disse...

ninguém vai escapar.

Mademoiselle dans les nuages disse...

Você deu forma a muitas angústias que sinto! E senhor Arruda, preciso acreditar que pessoas escapam, senão SUFOCO!