sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Fagulha

Paro e penso, quase, sobre-tudo:
Não aguarda o sinal para partir. Olha a sua volta e se vê só, por não entender o porquê de ninguém entender.
Alimenta, à centelhas, os corações alheios para o mínimo de conforto.
Sabe o poder que tem, mas não usa. Mesmo assim, se abusa em não sentir para sentir e ter o que pode dar; um belo mundo em matiz, sinestésico, ímpar, com gosto de adeus.
Não sabe por que é diferente e tenta ser igual a todos.
Os seus olhos, janelas de bordas marrons, onde muitos já se perderam no que alí se cabe (tudo). Pobres tolos perseverantes, enlouquecidos.
Seus cabelos valseiam com os ventos; porto de olores entranhados. Um convite irrecusável para memórias olfativas.
Sua boca, morada de sonhos travestidos de beijos e dúvidas, como néctar, inebriando do truão ao bastião. Uma porta para as loucuras do desejo. Arma que fere a quem se deve e a quem se não.
Do corpo, eu só sei que baila e faz da vida a ocasião!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O benefício da dúvida

Quisera ter tua certeza, tua leveza

Leviana

Quem dera ter tua esperança, tua arrogância

Despropositada

Pudera gozar tua ganância, ignorância

Bendita

Ai, que infinita jactância a tua frieza, tua natureza

Indulgente

* * *


Mas meu coração é vagabundo (tal qual na canção se apresenta).

Nele não cabe todo Mundo, então arrebenta

De dentro pra fora.

Me sobra o avesso:

Do homem o peso

Do ontem o agora


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Vênus


Curioso, mas a mais brilhante, passado aquele inicial período de natural encantamento, nem parece mais tão brilhante assim. Olhe em volta. Há tantas outras!
Princesas... Caçadoras... Sátiras que nos moldam heróis. Ora, perceba, ela sequer tem luz própria! It's a gas. Missed.

Há todo um universo pra navegar, outras tantas rotas, tantas direções. Finito? Não, não mesmo.
Supernovas por todo o lado. Olhe em volta e perceba. Horizontes a se romper, lembre se: Por vezes demora mais de milênio até perceber que a estrela que admiramos já há muito está morta.
Ela, afinal? A guess. Missed. 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Arena


O telefone toca.

O telefone toca outra vez.

O empedernir não é proposital. É uma coisa que veio empírica, sabe? Algo que petrifica por desgaste, na distância que esconde o gesto. Algoz de uma esperança torrada pelo sol. Atender está fora de questão.

Da janela eu vejo a rotineira ambulância na porta do asilo vizinho; mensagem de um tempo que arrebata.

Por falar em tempo, ele me pegou. Me vejo mais velho pelo espelho. Parece que tomei um "pileque homérico" nos anos passados, parece que todo o mundo tomou.

Por onde estive todo esse tempo?

Porventura vivendo de sonhos, alimentado por sândices e portentos. - me diriam

No reflexo, o sol me cabe todo nos olhos. Cerro-os para evitar as retinas queimadas; e continuo assim por um bom tempo. Até que o telefone toca mais uma vez. E eu, no susto, abro os olhos, num mundo todo meio azul, veias saltantes, me lembro do que acordara comigo mesmo: Não atender.

Pedra. Mas meu telhado é de palha. Só que eu não quero suas palavras frias na minha orelha quente ao telefone.

O que aconteceu não foi natural. Escolhas não são naturais. É que foi se perdendo os detalhes. O comodismo foi aprisionando-os um a um.

Droga! sempre detestei atender telefonemas. Um medo velado em timidez, talvez. Mas este, este em especial, este que toca agora, me bate como um sofista sem discurso. É como dizer ser "poética a presença do homem no mundo". É como é: patentemente amarga, contraditória.

Quarta vez... atendo.

Na boca a sinestesia do gosto cinza do nosso último beijo, me impedindo de despejar as palavras no bucal do aparelho nesse dia tão ensolaradamente paradoxal.

A princípio só ouço o silêncio - engraçado, né? ouvir o silêncio - logo após, a respiração ao fundo. Meu mundo cai por terra no mesmo momento. É como gostar das várias versões de uma mesma música; gosta porque é ela.

Um alô, de anteparo, me vem.

Eu te amo! - Nada mais assolador do que o que você não espera. É como estar em uma arena de gladiadores com apenas um pedaço de pão nas mãos.

Eu também, vem pra cá!?

Não posso, não consigo! - e ela desliga

E de súbito, irrompe o som do remate - o de ocupado, sabe? tu tu tu - uníssono com as cornetas do fim da minha batalha pessoal e com o meu coração. Mais literal que o que vos escrevo.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Pra Secar



Mata-me enquanto uno,
Me enterre em uma terra qualquer,
Pois, ao passarem as horas
No tempo em que não mais me quiser,
Far-te-ei fatia de mim
Numa minha sociedade amoral
E verás em todos os quintais
Minh'alma estendida no varal
 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

tupá tupá! com gosto de churrasco

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Tudo que é bom



Nota mental: Não deixar de curtir o que te dá prazer pelo simples motivo de que te dá prazer. Se permita curtir, se deixe gozar, se esqueça do resto do mundo e do tempo todo.
#Desintencionalidade

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

" (malandro) " Crente

Punk Crente
Merda
Eu adoro quando o punk vira crente (oh oh oh)
Eu adoro quando o punk vira crente (oh oh oh)
Porque se for pra encher o saco
Que ele encha com Jesus
E não com anarquia, atitude, como ser punk
Ou me pregue numa cruz
É bom que ele tem vinil raro
E vende bem barato
Cólera, o Começo do Fim do Mundo
SUB e Ex-comungados (Ali Right!!)

diálogo durante o solo:

- E aí meu irmão.
- Liga brother, to querendo comprar aquele seu EP do Lixomania.
- Po*ra, 10 reau pra você.
- Pô, 10 reau não cara! Ta sendo muito capitalista comigo, que isso!?
- Meu irmão, cê ta moco, cara! Esse EP é raro pra car*lho! Eu só to vendendo, não sei, é porque eu não escuto mais, que minha religião não permite!
- Rapaz, agora que a sua religião não permite, por quê você vai querer um po*ra dum CD? Cê ta curtindo modinhas capitalista. Eu sei que Jesus é um cara meio capitalista, mas pô, faz um disconto aí pros brothers.
- Ta bom, ta bom, ta bom! 5 conto.
- Ah, aí é legal! Vamo fumar uma pedrinha de crack.
- Que isso? A minha religião não permite!

Ahhhh oohhh
Ah Jesus!!! Ah meu Deus!!!
P*ta que o par*u!!! Quando o punk vira crente!!!
Eu também adoro quando o punk vira crente!!! oohhh!!! oohhh!!!
Eu adoro, ha ha ha! Eu adoro quando o punk vira crente.

- Fechado o Negócio!

sábado, 10 de setembro de 2011

Três vezes água (460°)

Cercados de água, disformes limites, convite certo a caminhos errantes. Assim se cresce por aqui, alijados do restante do mundo, representantes primeiros de tudo quanto é último. Assim se cresce.

Sozinhos, como o resto. Limitados – pela sua geografia. Limitados – pela história sua. Limitados sobretudo por seu infinito senso de limitação- e quanto pior – o seu primitivo senso de imitação. Guiados por mensagens em garrafas que teimam em atravessar os tempos. Atrasados ecos daquilo que um dia já teve sentido, restos de naufrágio. Salgados de mar e ferrugem, ecos que soam como leais cópias de diretrizes inquestionáveis.A nós, ilhéus, nativos de um mundo perdido, nos bastam. Por isso brindamos o alheio, como oferendas que nos chegam das ressacas de além mar...

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Enquanto isso, Ilha afora...


Feliz 6/9!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

- Senhor! ... deixou cair sua vida..

Bajular a preta, convencê-la de si mesma, dar costas ao capeta, servir ao ostracismo em si mesmo, carregar nos ombros às costas volumes pesados, contar rasgadas maneiras de fazer-te feliz, sanar seus vício, carregar seu embrulho pelas ruas sujas, lisonjear, golfar na sua privada e limpar com a língua, manter sua atitude em dia com perseverança de um davi, para manter seu leito cheio, adular socadas vezes a sua beleza. Pronto, você pode descansar aquela alma que já foi viva, pode morrer agora, senhor bobo.