quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Alma Jovem, corpo cansado.





Passeando pelas bordas das únicas casas de entretenimento do mundo; encontro adultos, adúlteros, crianças- adultos, um espirro, uma sambada, uns geeks, outros rins, outros riem, alguns criam caráter, outros riem do caráter, vários pecam no caráter, outros cagam para o caráter. Hoje, morrem mil caráteres e nascem outros caráteres, partes desta ignição, se formam e se agrupam em reação, como corpos emoldurados, cabeças decepadas em estado de transformação, sem estágios pela frente, com o peso de sobreviver. Esses morrem, jovens velhos a procura do que fazer, pra quê fazer?
Outros são jovens, moleques. Mostrando no que fazem, um direito de marcar como bois um slogan do que são, tão perto, tão distantes, dos que pra eles não são, entorno desta rixa, é apenas mais uma bicha.
Nesta espera, eu procuro você, como um lado bom desta mania, como um estado puro desta angústia, inevitável morada, me perco, não sou tão bom nisso, quero apenas viver.

Jovens criativos pensam, mas são apenas um devaneio flutuante. E o adulto? É apenas mais um apreciador de Cerveja Pilsen.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Quatro - dois



  Branca, branca, branca. As palavras não são minhas mas divido o torpor verborrágico de poucos sons e a hemorragia do Chico em todo seu estupor. Vivo agora flashes de toda minha vida repartida no espaço nu desse corpo lindamente angulado em meu leito. Não sei o que faço, ou como faze - lo. Sei tão pouco o tanto que me faz bem. Não estou triste, senão confuso. Também pudera...



  Estampado na pele traz - se o signo duma oração velha como a vida e repetida no calor monossilábico de lascivos cultos pagãos rendidos a uma divindade distante. Por muito pouco não tomo parte do que me apetece desse hino, sonho de Brahma. Frequência perene por breve que pareça e seja. Mil anos em um dia e um dia de cada vez, ah! Que assombroso é o amanhã! Bravo Mundo do Amanhã!



 Há grande medo do que não se conhece. Pois só se toca o hoje, que ele agora está aqui. Por hora é tudo. E  basta. Na picardia urdida em teu nome, com o qual brinco (sopa de letrinhas a desenhar teu DNA), repito em surto o curto som de você na minha boca, escorrendo na língua, descendo no peito até de uma vez vibrar teu gozo.


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Transladar Revisitado


  A verdade no vinho é o prazer no álcool que, absoluto, te hidrata as feridas e que o juízo te acalma. Tudo   então é mais bonito, é mais viço e mais claro. Não que de fato seja e nem que a você de fato importe.

Quando o Mundo se aproxima da hora de girar para dentro do próprio umbigo outra vez mais, a sede do espetáculo parece secar te a garganta. Aí o que era tão fácil engolir, por pequeno e tacanho, te coaxa traqueia abaixo, arranhando - te ali onde ninguém pode ver.

*     *    * 


 Não careço de platéia mas aceito o teu aplauso. Teu abraço seco e frio. Teu cinismo puro e crasso.
Dou - te em troca meu quente regaço - tão oco quanto posso - em todo o muco que mereças me sorver extasiado. Pois que chupe, aos canudinhos, q os beiços molhe entorpecido, fácil.

*    *    *

Sei que nada mais se pode esperar, tudo é urgência! E eu aqui parado. Gira a vida, rodopia, as pernas trançam - se e o baile segue tocando. Ninguém ouve o dobrar dos sinos, mas eles lá estão. O pensamento segue embargado e os poetas cantam o sonho mudo da rotina em devassa. 365 dias lhe caem de novo sobre as costas com a velocidade efêmera do gozo. E é bom. O gozo sempre será bom, ainda que doa em pus e sangue. E tudo já começa de novo.


Não existem palavras bonitas ou feias. Lépidas ou fartas, no final, são só palavras 

domingo, 6 de janeiro de 2013

Por Mais Forte Que Seja

"Você tem medo de deus?
Não, mas eu tenho medo de você!"


Esse diálogo se põe logo após um intercurso sexual:

 - Hoje é ano novo!

 - Feliz aniversário, Mundo. Exceto para algumas culturas como a judáica ou a chinesa, por exemplo.

 - Nossa, como você é insensível!

 - Insensível, eu? Você se esqueceu de quando caminhávamos durante 15 minutos quase todos os dias por um ônibus à beira-mar por conta da vista?

 - Eu é que te forçava a ir comigo. A idéia foi minha!

 - Não importa.

 - Claro que importa! Vamos dividir um cigarro?

 - Eu não fumo e tu sabes disso.

 - O dia está lindo lá fora!

 - Lindo? Não compactuo com esta tua filosofia aristotélica.

Ela põe os cabelos atrás da orelha como quem se prepara para uma guerra certamente desacordada com as convenções de Genebra e Haia:

 - Você nem reparou que cortei os meus cabelos!

 - Não. Seus olhos precisam de legenda neste momento. Qual o seu problema?

 - O meu problema é o teu estado abúlico e evasivo!

 - É que o mundo não acabou.

 - Parece que o cinismo te abandonou por um instante! Você realmente acreditou nessa profecia antiga?

 - Não. Acredito no fim quando não mais houver tão bela distração como este teu corpo vivaz. Mas eu tinha uma parva esperança de como quem sonha com um brinquedo que o pai não pode comprar.

 - Eu te amo!

 - Não. Eu te amo. E acho que esse é o problema.

 - Como assim?

 - Talvez seja a diferença de idade, mas nunca me amaste.

 - Como não te amo? Sempre nos imaginei pelas ruas com os nossos filhos em bolsas canguru!

 - Suas expectativas românticas parecem tiradas de filmes e livros ruins.

 - Quanta jactância!

 - A beleza é vista com a fé que não possuis.

 - De onde vem tanta indocilidade?

 - 23 de junho, presumo.

 - Ah, esse maldito dia! Já não havíamos esquecido isso?

 - O ser humano parece se empenhar mais quando o projeto é a destruição. Uma vida para construir, segundos para destruir.

 - Já te pedi desculpas. Viramos essa página!

 - Não quando casas com outra pessoa.

 - Tem razão. Nos veremos outra vez?

 - Não serei teu amante.

 - Dispensamos os adeuses?

 - Sejas feliz.

 - Não serei!

Quando o relógio em cima do criado-mudo parte o dia ao meio, ela parte com tudo que antes fora inteiro e seu pensamento mais recorrente é sobre a prestação que quitará a casa de praia para o veraneio.

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