quarta-feira, 29 de maio de 2013

Metamorfose Contemporânea

O mundo envelhece, muda e tudo o que foi deixado para trás supura na dor latente da evolução. Verteria o tempo se soubesse do seu fim? O amor é anacrônico; vomitado pelos homens de fé em seus anseios lascivos. A ciência, hoje o saber influente, esgarça as teorias de outrora para saber da prerrogativa celular de quem compra. A cultura é reproduzida in vitro. A diversão é paradoxalmente tediosa, perdida nos históricos hedonistas. O escapismo é tão alienado quanto a rotina. Só o sangue arranca aplausos no coliseu digital. Os caminhões, os carros... a humanidade anda em lento círculo autodestrutivo, de almas escamoteadas pela revolução tecnológica (Behemoth?). Já podemos mentir por entre as pernas. Os heróis tornam-se estéreis pelos transgênicos da Monsanto. As carpideiras ganham milhões. O calendário oficial agora é o do ano fiscal. E do nada vamos sendo reis, contemplando o cinzento céu do domínio, parindo proles do bem dotado capital.

Eu vi deus tropeçar numa imensa sala escura onde tudo o que amaldiçoava se tornava maior que ele próprio.

quinta-feira, 23 de maio de 2013

(Pra desopiar) Em Terra? Nunca, Jamais!







Alguns Segredos, algumas ideias ou pensamentos, por mais bonitos que sejam, não merecem jamais serem revelados. Então o poeta os organiza e os mete todos numa caixa - bem mais simples do que se pensar pudesse - para ali mofarem puros e belos. Que jamais venham a tona. Que não sejam divididos.



Assim não fosse é bem capaz que deles restasse pouco mais que cacos. Isso a ninguém agradaria e, pior, se desvirtuaria seu real propósito. Repara então no que não é bem dito, Paulo, apóstolo do amor e da dúvida. Que fique a palavra não catada, mal forjada como escória fosse, ali num canto a toar uma balada surdo - muda vinda de remota caixinha de música, ó João.




Qual mensagem para ninguém numa náufraga  garrafa em banco de areia qualquer. E que, egolatria e egoísmo em sua mais fina flor, o poeta encerre em si tudo o quanto colheu de mais absurdo, sonoro e furioso do espetáculo que é aquela vida que jamais viverá.




sábado, 11 de maio de 2013

Agente equilibrado.




Peixoto foi curtir o carnaval carioca, gostou das pessoas, animou-se com a cidade, perdeu-se nas ruas fantasiado de bate-bola, vibrou com os concertos voadores, palavras de incentivo, cerveja espirrada e sorrisos saltitantes. Parou na esquina, realizou- se urinando; curvou-se, na espreita, por uma bailarina comediante, com um algodão doce em suas mãos. Desconfiou das falácias de um homem sóbrio, pediu a mão para levantar-se da rasteira que recebera, não foi nada, disse ele. Perto disto, vem uma onda, ele não impede que a mesma o leve para o caminho do ameno e sensato equilíbrio, sem estas calçadas mijadas, sem esse cheiro maroto solto, sem as conquistas vazias, sem desperdício necessário.
O mesmo homem que se mostrou valente, se torna o peso morto de outros tempos, perto da estrada infértil deve seguir. Descontrole é infame, inimigo da resignação de outrora.
É perto dela, na fila, na chuva, em uma casa ou naquele quarto úmido, morada anárquica da velhice solitária, encontro-me com as toalhas sujas que secam essas lágrimas jovens e caídas.
Longe do carnaval, Peixoto volta pra vitória, honesto, febril e cult. Bem-vindo, parasita da desordem, tomemos outro drinque para celebrar.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Paulicéia



É que Narcisa acha feio o que não é Espelho



  O beijo frio da grande metrópole me arrepia a pele. Me contraio até estar pequeno, contrito, compacto.
Submissa vadia, contorcido ante o peso de tudo que me é estrangeiro. Sou vadia mas gozo, entre a Paulista e a Virgem da Penha.


 Penha = Pedra

 Vadia = Rei

 Afinal, que rei? Tão diminuto e aqui fora tudo oprime. A arte do que é santo, a força somada de um povo ambicioso e curvado diante da cruz de quem almeja o ceu. Povo bruto que de fato nem percebe a alma que tem  - doces bárbaros. Um homem de preto passa displicente a despeito dos discos voadores. Ali pra frente , só o pó. Saudades de estar de preto.

 Luzes viajando na velocidade de uma esporrada e nas ruas, línguas ardem sem que se possam compreender. Poetinha. Poe. É... tinha. Fraco.

 Magnífico espetáculo, e eu, merda, não capto tudo. Nem jamais captarei. Indolente, então, ilhéu e preguiçoso, deixo isso aos que me seguirem.

Olhando o "jardim" do Patriarca foi que percebi.


Pessoas já disseram tudo o que havia de ser dito. O que dizer além de tudo isso?