sábado, 31 de dezembro de 2011

2011 FOI UM INVENTO, MOVIMENTADO

Hardcore, dead fish, cerveja, sexta feira, comidas feita pela carol, rock na varanda, sangue e partida; decisão, choro, alma, ódio, declínio, maldito, fome, perda, ganho, volta, amigos- irmão, gozo, fraco, formatura, transgressão, escritos poéticos, escritos amantes, escritos chacotas, escritos opinião, bem ao novo mote de inspiração, ao admirável mundo novo: mundo advindo do malandragem, essa nova divindade poética, unindo amigos pelos poros cansados de suar por esquinas displicentes, não poderíamos deixar essa fase passar, sem o registro lírico de nossas gavetas.
Ferido, mordido, mãozinha, rabugento, pé sujo. Louca, desvairada e com fome de tudo; amores físicos, amores crentes, amores tolos, amores virtuais, amores fortes... amor que faz um blog.

2011.. vai tomar.. Abrah.

Sem palavras pra 2011

sábado, 24 de dezembro de 2011

Espaço "Johnny Depp"

                                                              Feliz Natal!
                                       São os votos do Malandragem Inquieta!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Sobre a Chegada



Ó beleza que se esconde atrás de tantos nãos!

Sabe, às vezes é tão louco que não sei dizer da hora que invade e patenteia tudo: nome, corpo, antro, o entro, o mundo.
A expressão "foda-se" pixada em meus muros. O "enfim..." escorando a minha porta.
Não concluo nada além do toque, não concluo nada além do nós - sinédoque para falar de vida.
Margeei conceitos, esperando, a fim de intitular nossa história. Porém, diviso agora que as melhores não possuem título. São aquelas sem sobreaviso, atavio. Aquelas histórias que vêm, sem roupa, contar, dizer do que é feita e deixar com gosto de mais uma vez.
No soslaio - garantindo-me - quero saber como andam teus pensamentos, como anda o teu sorriso - se amarelo dos cigarros ou da dúvida de teus permeios - onde andam teus pés.
Na tua voz, o cheiro da saudade vem fremir-me desde a menor parte da matéria. É o arrepio de uma certeza que não sabe se certeza é. Mas ela vem, feito vontade de comer, feito fatal.
E no gole de nossa discussão sobre as vãs razões de um futuro, não nego minha sede. Mas dormiria aqui, no bastião do teu olhar, seguro desta noite e do que se fará a aurora.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Quando mesmo?




Como bichinho arisco foges, felicidade nossa. Ora, que esperas? Invitações formais? Um R.S.V.P para V.O.C.Ê? Deixe disso, meus carinhos!
Se o tempo que nos espera, no curto de seu viver, se consome no lento cozinhar desses mal ditos caprichos. Falta ciência? Nisso não creio, paixão.
Mesmo assim, por mais tortos os nossos destinos, teremos sempre a manhã. Não faltaraão negações, dúvidas ou anseios.
Na surpresa, nossa única certeza.
Sempre no entanto amanhã...
Diga, você, vale a pena?

domingo, 18 de dezembro de 2011

Ama(dor)


Sandice cúmplice do ar que eu respiro, vago destinos sei não.. amar a derrocada, esperando sua vez mais cor e brilho nesta confecção de lugares, em mortes vivas, ainda ginga no precipício mais perto do onde amar a contento é viver no mal tempo. Vejo sua lua longe deste mar, loucura viverá. Sem alma não existe gritaria própria, estes fins para o autor, é meio (alternativa) encontrado, por necessidade ele deseja viver, opaco e gélido; perdendo a cor; sem suor... caiu a sua última lágrima, sem saber que é nada, surtiu um imenso efeito agora.

Escultura barroca, redonda fálica, perdida no tempo, agrada aos que passaram por tudo ou nada volto ao mesmo ponto, perto do que me faz ver e obedecer, o mais qualificado sermão de sorte. O cachorro da esquina vai te morder, posteriormente, mijar em você.

Hospício

De tudo que é vida e são, somos nós os donos da loucura?

O que é isso que vejo refletido no que a luz projeta para mim senão a sombra de algo que sobressai, atrai como ímã, vigora por todos os espaços e canta maldito por todo este ser?
O que é que me faz escopo de uma soma de covas rasas? Que me lambe a face fria de olhar distante? O que é?
O curso d'água é imprevisível - insípida, mas tem olor, corrompe e alivía a sede como nenhuma outra coisa - e o barquinho de papel - essa nossa frágil certeza - não tem direção.
Acho que isso vem um pouco do moço instante que pari sempre o inesperado e se aproveita da força que têm estes preceitos impolidos, para se ver no altar, batizado, pela mesma água.
Que lei da atração é essa, incoerente, de barbas de molho para o que lhe é intento?
Vem tudo por culpa, por medo? Ou pelo simples fato da vinda?
Parece até brincadeira. Uma peça de mal gosto que aviva o sonho aflitivo de ser eterno ecrã da vida perspicaz. Quando o doido é a comicidade.
Mas vou indo e vindo, no vário da insanidade que sempre arruma um jeito de seduzir.
Pelo simples motivo de ser simples, danço no salão lotado por meus fantasmas, me sentindo seguro por reconhecer aquilo como real.
De rompantes em rompantes me moldo e me vejo louco também. Viajo léguas, em busca de encontrar novamente, para logo depois se ver livre desta loucura. E começar tudo outra vez.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Sobre a ausência

Direitos de imagem: Yury Aires in: Ensaio sobre a ausencia (www.flickr.com/photos/yurymaori/5971349725/in/photostream/)






O que se tem a falar quando tudo já foi dito? Absurdos. Mas afinal, do que é feita a vida?! De som? Não, não. De silêncios, de espaços (onde melhor se encaixar) e momentos (quando muitas vezes se impor é o mesmo que se deter) a se repetir.





De todas as ausências, aquela presente é a que dói mais... no toque velado de sua mão fria é que minha espinha quase congela e arde cada átomo, cada fração de tempo. É como se estar Zumbi: dotado do mágico poder da inércia.





Parece a amputada perna do "herói" de guerra que insiste em se coçar. Dói. Não devia, mas ter você aqui dói exangue e silencioso como um câncer.





Sou eu Senhor de coisa alguma, na doce liberdade de sua caverna - onde estou preso - imóvel. Sem futuro ou passado há somente a cela dos selos (sete?) feita com c'os tijolinhos amarelos desse dia que teima em nascer. É, melhor quem sabe não se abster.

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Mais direto




Ontem perambulei pelo mundo cristal grafitti, cercado por boates vitrines, entrecostado por estranhas condições existenciais, no centro da mazela existia um samba, chamado regional, no entanto, cercado por uma região de sinergia superficial, diga-se nobre, cuja a repetição genética em massa encontrada, faria qualquer Aldous Huxley gozar. Todo aquele povo, saindo das casas com som, realizados pelo visto social escalafobético, pareceu um tanto quanto fascista, como de costume.
O coração do evento era formado por uma roda de samba, cercado por membros do coletivo  "indie agora é samba", anti-mofo e jovens libertinos com um pouco ou muito mais potencial, entretanto perdidos; sem destino.
Eu e meu amigo pensamos sobre o contraste que saltara aos nossos olhos, vários exemplares de vida a viver, comprovaram nossa teoria; como é difícil ser humano em vitórinha.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Indie agora é samba




Sem sentido, alto alívio, gradativo, non sense libertino
criativo alpinista de buteco, dadaísmo utópico, caralhismo
esmo abismo, quase tudo umbigo, alveja alma
sem riscos, avatar do palpite, vendo TV maldito
abre esse disco cheio de rabisco, antigo, mais bonito é tim maia
na zilda, samba com barata faz meus dias que arrisco maconhismo.
Arisco, bunda mole convicto meio fictício, far-se-á obelisco.
Nada disso parece, és mais que isso.
 

sexta-feira, 2 de dezembro de 2011

Estóico

O banquete dos deuses com melancias de Kahlo

Abrirdes os caminhos, meu destino. Dardes com fogo o sabor de tuas investidas. Abraçardes com espinhos no tenro de teus lençóis. Condecorardes, na tarde cinzenta, com a recompensa dada por epopéias de grandes heróis.
Não desbravei mares em busca de leviatãs, nem labirintos por minotauros. Mas vivi, breve, titã, guerreiro de escudos descidos e de armas encostadas para desatinar-me em ambrosia divina.

                                                                  ***

Tomando outras metáforas, como referência, tentando ser mais claro; me senti libertário. A garganta que grita "Porra!". A ureta que ejacula "Liberdade!" em seios, bundas, pernas, bocas. A revolução das loucuras educadas pelo surreal. A resistência frente a opressão dos suspiros indissolúveis. A overdose matiz na matriz da resolução monocromática.
Eram massas tentando se unir no espaço enquanto falo, declamo, calões na catarse do caos tântrico.
E as roupas que sempre cumprem seus papéis contra o que é fato, são exíguos amontoados (montanhas) agora, tentando esconder o espetáculo da fome pela carne.
A saliva, ablução. É batismo que encerra pecados.
Aqui, o coração, só bombeia sangue pelo corpo, pelo vício e pelo exato.
Pêlos, peles, dentes, línguas, unhas, cheiros: vedetes, deveras, de um sopro inato.
É tentar agarrar o tempo com as mãos e se esconder por debaixo; na lascívia perene dos nossos atos, na aguerrida e lacônica paixão de nossos beijos.

Seria Rivera, Kahlo e Felix na consolidação de seus desejos.
Seria Zeus, Sêmele e Hera no fulgurante arbítrio da volúpia.


quarta-feira, 30 de novembro de 2011

SAÍDA PELA JANELA


O tempo esta passando, não finja, perceba-o consuma-o; pelado na calçada; bêbado cosmopolita, sempre livre com saídas fechadas. O velho verbeja a desaguá em mais um mar de falácias sendo escravo do tempo, topejaras vias mil te acho, te mato; eu sairei daqui, viverei consigo, comigo, perdendo aquele folego, sem janelas para oxigenar o paralelo, ache sua meta mas que merda, qual seria pra vida mediana ser digna no contrapasso de inventos, ao menos intensos, vívidos caminhos a te ligar, será?.
Reveja parâmetros de gloria seus alvos, dorme agora, enebriado melancólico, prédios, muros, escolas, faceboock, dinheiro, londres, hype, situacionistas, bukowski... ninguém o salvará.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Projeto


Toda a tecnicidade que tenho nada me adianta. De que me serve o que não tem sentido? Aquilo que trago em meu peito, escarro e assim me parece muito bom. Jogo com ela e com todo o mais, pronto, bacana... Estou aqui e me parece ideal. Se me engano? não, não creio. Porque deveria ser diferente? Amem a minha prosa, meu verso rasgado, minha agonia de estar preto no branco e, assim sendo, estou satisfeito. Signifca essa porra toda alguma coisa? Jamais saberemos antes do fim. Fico no meio (lugar comum) de tanta coisa dita apenas e somente apenas por não ter ainda a consciência de quão longe chegarão as projeções daqui. Não que de fato me importe. Se bem que, de fato, outrossim não me daria ao trabalho de externar tamanho lirismo. Não por gozar de estar onde estou, mas porque não sei ser mais do que eu posso agora. Dou o que tenho, e o que tenho então a dar é bastante. Será mesmo? ah, que importa?! Fecho meus olhos e lá fora há barulho de chuva: cá dentro, não. Um dia hei de olhar pra trás e rir me de tanta inocência. Se hei de sentir falta de tanto quanto pra trás ficou, isso sim é coisa que só quando estiver além devo saber melhor. Melhor, assim, não sei se quero. Não que faça tanta diferença. São só palavras, imagens distorcidas . De perto não se percebe o tamanho que tem tudo isso. Mas sei sempre que tudo que tiver a dar, darei. Seja a você, parte indissolúvel de mim hoje, seja àmanhã, parte de você que a mim ainda não coube. Eis aí o foco onde, por fim me encerro.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

DIVE


quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Ser-tão de você



Um dia desses, dentro de um transporte público, um metrô para ser mais exato, um senhor sentado a minha frente, vira-se para mim e diz: - Preguiça de escovar os dentes quando se está com sono, prestes a dormir.
Achei aquilo fora de contexto, pensei ter perdido algo, então, me prontifiquei a lançar a velha expressão de indagação: - Hã?
Logo ele veio, animado por eu ter dado atenção ao que queria dizer: - Preguiça de escovar os dentes quando se está com sono, prestes a dormir. Todo mundo tem isso, não é?

Eu:
- É, tem sim! (Concordei, assentindo com a cabeça.)
 
O velho:
- Poxa, mas nenhuma preguiça era igual a da minha amada!
- Eu dizia para ela: Vai dormir e se esquecer de escovar os dentes, hein?!
- E ela sempre me respondia: Deixa isso pra lá, depois eu vou, me abrace agora.
- E esse abraço era o melhor do dia inteiro. Parecia me proteger de tudo, sabe?
- Ah, como amei aquela mulher!

Eu:
- O que aconteceu com ela? (Perguntei, já totalmente imerso no mundo daquele macróbio.)

O velho:
- Ela foi embora!
- Me deu meia dúzia de palavras de satisfação e partiu. Disse que eu não entenderia!
- Como eu não entenderia?
- Amei esta mulher e continuo amando-a!
- Como não entenderia?

Eu:
- De repente ela se percebeu não te amar e resolveu terminar tudo antes que as coisas ficassem piores para os dois! (Eu sou uma péssima pessoa para se desabafar, mas o grisalho indivíduo pareceu não se importar com isso.)

O velho:
- É, talvez!
- Mas será que ela não me amou, nem um pouco?

Eu:
- Quem ama, ama. Não existem proporções!
- É uma coisa só!
- Ou ama-se ou não!

O velho:
- Mas aquele abraço me dizia tanto!

Eu:
- Dizia o que você queria ouvir ou o que realmente significava?

O velho:
- Não sei!
- Acho que o que eu queria ouvir!
- É estranho eu encontrar respostas, aqui, em um jovem que eu não conheça!
- Isso só mostra o quanto sabemos da vida: Nada!
- Eu poderia jurar que viveria eternamente com aquela mulher!
- Hoje eu a vi, do outro lado da rua. Vi com olhos de ira, dor, alegria... um compilado de todas as emoções, sabe?
- Ela me viu, se aproximou, nada dizendo, me abraçou aquele abraço, o da preguiça de escovar os dentes, e me disse: Um dia você vai entender!
- Eu sou senil, estou próximo do fim e ainda não entendi!

Eu:
- Você deve estar revivendo tudo agora, não é? (Ávido eu, a tentar saber o que se passava na cabeça daquele velho.)

O velho:
- Sim. Parece que eu estou num deserto, numa aridez terrível, onde a todo tempo as miragens dos oásis me vêm embair e minha sede só me arranca a lucidez!
- Todas estas miragens possuem o mesmo nome. A salvação inalcançável. Todas elas se chamam... Opa, é aqui que eu fico!
- Está é minha parada!
- Adeus meu jovem e obrigado pela conversa, por ter me ouvido. Obrigado mesmo!

Eu:
- Ok, mas e o nome da mulher de sua vida? (A curiosidade gritou por mim naquele momento. Ele não poderia ir embora sem me dizer o nome da figura tão emblemática. Precisava de um título para a imagem que construía em minha mente.)

O velho:

- Ah sim! O nome dela é...

Ele disse, nome e sobrenome. Aquilo me foi um golpe sem medida, me atordoou e me prontou estático, afogado em perplexidade.
Sem reação, vi a porta se fechar atrás daquele idoso ser que acabara de me jogar uma bomba no colo, não sei se de propósito ou se por acaso.
E o metrô seguiu o seu percurso, como o sangue latejante em minhas artérias estupefatas.
A imagem é edificada em minha cabeça. Mais patente, impossível.
O nome que ele revelara era o de minha mãe.

sábado, 19 de novembro de 2011

Sobre a Partida

A saudade é a voz de um sabor que não sai do palato.

Quantas vezes contara os passos que darias para chegar até aqui?
O receio é patente maior. O desejo, amante. Tentamos em outros traços traçar outros caminhos. Mas somos duas retas, meu bem.
Deixa a boca, então contar por nós. Deixa os olhos se negarem como algozes de uma promessa que fica prometida. Deixa o sangue correr quente, enquanto nos atrasamos para o futuro. Enquanto a solidão nos pretende.
Partamos, então em nome de alguma coisa que não sei o quê. Que faz de mim criança birrenta. Que faz de nós impelidores de uma vaidade.

C'est la vie
A vida, ao passo de sua grandeza, reservou um pouco de seu tempo para nos saborear. Paladar que vicia. Aquele que escorre pelos cantos. Aquele que não há rédeas. É feito droga. Usualmente, procura e aspira com todo fervor para tentar entender o que se passa.
O que dilata delata o imprescindível. E no meio de tanto suor, saliva, pálpebras e suspiros, vê-se aluna, expectadora do sublime: O que não se pode ter por querer. É ter sem se ver. É sentir. É abrir um embrulho de presente sem saber o que há. É deixar-se ganhar para ser vencido. É abraçar sem precedentes; esquecer dos pesos dos ombros e deixar os ouvidos para a respiração. É imitar o andar como brincadeira. É saber exatamente o som do arrastar daquelas sandálias. É saber a hora da boca, a hora da língua. É ter vontade só de olhar.
E numa abstinência forçosa somos transformados pela vida em hesitação. Pois a distância é instância para o que não se conhece. E ela vai querendo fazer de nós passado.
Pois somos duas retas, meu bem. Mas saiba que as retas se encontram no infinito.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Prisão Sem Muros


 Na casa assumida pela rotina virulenta do teu pensamento o criado-mudo é o que se destaca. Na solidez do teu silêncio, brada, ele, pelos logos engolidos por suas gavetas. Ironicamente, este é posto ao lado da cama, onde mais habita você que é, completo letargia. Como pó que o vento insiste em carregar, num bailado circular, na rarefação do que acha ser rota.
Os teus olhos se bastam em seguir as pessoas, lá fora, com suas maletas/muletas cheias de incertezas, ambições e papéis que tão muito deles, tão pouco fiéis. A brincadeira de ser deus já não cansa mais nem as pernas.
Periodicamente, na tua janela, procura teus muros; a sustentação desse universo insustentável. Passa a viver do mito, travestido maldito que se estende no escrito, com um medidor moralista nas mãos. Na linha do teu bem-estar, sublinhada, consoante aos teus gritos debaldes, entrelinhada à tua verdadeira essência vogal. Todas fagocitadas pelo mesmo criado, criado para ser mudo.
E o que rodeia gira e te faz água sem moinho para mover, faz querer sem desejar; aglutinado ao que todo o mundo já escreveu em tua carne, não te excitando nem a passar do limite que divide a rua do teu quintal.

domingo, 13 de novembro de 2011

Palavra


Palavra atirada abala,atinge, fere e quando lançada, não volta atrás. Por mais que seu Eco desapareça no tempo, seja a boa palavra ou qualquer uma outra, uma vez mirada no coração não se perde ou se perdoa.
Lhes dou minha palavra mais que de homem, palavra de Poeta.

terça-feira, 8 de novembro de 2011

Soneto dos Reis

Sou negro sem querer
Sou poeta por fado
Sou tristonho, galante
Definido no falo

Feito à força sereno
Inaudito gigante
Nunca o amor mais ameno
Sempre pontual amante

É viver uma África
É o futuro arte intacta
Pretensões? Umas mil

A mucama o pariu
A sinhá o inducou
Casa amada Brasil

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Sexta


A campanhia tocou.
Como nunca recebeu visitas, nesses dias, a essas horas, achou estranho. O porteiro não avisou quem seria, logo, imaginou quem fosse.
Abriu a porta:

- Oi!

- Oi!

- Como você está?

- Nada bem e você?

- Eu estou bem!

- Como assim você está bem?!

- Estou bem. Ora, não fora isso que perguntara?

- Mas, eu não estou bem, por sua causa!

- Isso quer dizer que eu precise estar mal também?

- Ao menos, depois de tudo que me fizeste!

- O que eu te fizera?

- O quê? É sério que me perguntas isso?

- Sim, pergunto, por quê?

- Tu acabaste com a minha vida, fizeste dela um solilóquio perene, nivelou minhas preferências por cima e agora ninguém mais me apetece. Não te sentes nem um pouco mal por isso?

- Porque deveria me sentir? Souberas o tempo todo como eu era, mesmo assim quis tentar. Fora bom durante algum tempo, mas cansei.

- Cansaste por que, se te dei de tudo? Amor, atenção, carinho, doses medidas de desprezo, sexo, um homeopático ciúme e tudo mais?

- Mas quem disse que fora assim que eu sempre quisera?

- Então quer dizer que dependeu de mim, a longevidade do que vivemos? Onde eu errei?

- Não souberas aproveitar a ocasião, estivera ciente desde o início até onde isso iria, deixara bem claro. - Se preocuparas demais com o futuro e esqueceras do presente. Agora tudo isso é passado!

- O que vieste fazer aqui, então?

- Vim saber se estás bem!

- Já viste que não estou, não é? Por que não parte agora, não só daqui, mas em mil pedaços e suma nos quatro ventos?!

- Mas, vou deixar um pedaço, eu sei; e você o manterá, eterno, alimento.
- Só para completar o que eu dissera: você acha que fizeras o que deverias para manter-me contigo?
- A sua atenção fora silêncio. Não houvera diálogo, uma troca de sabores, não houvera completude um no outro. Não encontrara, em você, o que me transformaria, no melhor que eu poderia ser, como dizia Quintana. Não tivera isso, e sim, coisas superficiais que desembocaram num querer ralo, longe da profundeza do que aguardo.
- E o sexo fora bom, admito, mas o seu oral nunca fora lá essas coisas e eu odiava quando chupavas as minhas orelhas.

- Tu, realmente, vais, daí, dessa sua beleza imponente como uma pintura renascentista, me jogar tudo isso na cara?

- Foi tu que perguntaras. Só vim ver como estás. Porque te gosto. És muito importante para a minha vida!

- Se sou, não deverias me fazer sofrer tanto!

- Mas o que te farias não sofrer?

- Voltar pra mim!

- Mas se eu voltar, sofrerás ainda mais!

- Não me importo!

- Mas eu sim!

- Por que veio, afinal?

- Quis te ver, saber se estás bem!
- Adeus, então!

- Adeus?

- Adeus!

Observou da janela, ir embora, tudo aquilo que intitulava ser primazia. Mas fechou os olhos, por descontentamento, e não viu que, lá embaixo, olha-se para trás, para o seu apartamento. 
Ele não viu que aquele olhar sublevava tudo o que ela havia dito. Não viu e deixou passar que naqueles olhos estavam o medo e a expectativa.
Mal sabiam o destino que os aguardava caso se entreolhassem. Eu sabia. Eu sei, pois, fui eu quem os inventou. Sei quem sofreu por não ver a amargura esperada. Quem sofreu por saber que logo esqueceria.
Sou o deus deste meu pequeno mundo de duas pessoas e em minha onipotência escolho o fim. Eu escolho quem é pilatos, quem é cristo. Este é o meu universo.

Então, foi-se embora, embora quisesse ficar.


Doravante, a partir da alvorada, isto aqui será o meu shabbat.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Reconstitui-se.


Roubando de si mesmo.

Ora, por que não roubar de si mesmo, então? Nesta última e possível sinfonia de modernidade: Plágio, ao invés da criação. Plágio de si mesmo, retorno eterno (vice-versa), correndo em volta do próprio corpo, ateando fogo contra a própria mente. Nessas conversações e guerrilhas consigo mesmo, poderíamos desalojar nossas falsas certezas?! Sim. Roube de si mesmo e investigue-as se puder, até cansar. Se não sustentar, caia! Até conhecer a dor de perto, pois somente quem caiu pode contar os infortúnios e os perigos a que se encontram expostos - O momento da queda.

Subvertendo.

Surge! Urge! Grita! Ao invés de buscar as formas puras expressas numa única idéia, atente-se para as miríades de detalhes da sensibilidade; ao invés de buscar contemplação ao sol, divirta-se com as inúmeras possibilidades do teatro de sombras no interior da caverna. Eis que a subversão toma-lhe a existência do alto, distância vertical da ironia que insiste essa absurda hierarquia, e apreende novamente em sua origem. A ironia eleva e subverte; o humor faz cair e perverte.

Observe que ela, pobre subversão, está de joelhos diante o cogito da mercadoria. Ela se sente pequena - já sabemos - e tão só diante de tantas outras potenciais alimentadas pela promoção comercial que se apropriou dos termos "conceito" e "criativo". Por fim, se ela chegar a morrer, pelo menos iremos rir. - O momento da análise.

Era uma vez...

Um criminoso que disse em um momento de grande transcendência contra a própria vida: Uma vida não contém nada mais do que virtuais. Disse ele que a vida é composta de virtualidades, acontecimentos, singularidades. Seria esta?

Criminoso este que modificou a forma de analisar o desejo, de pensar, de (pós)estruturar. Ainda acredito nesta verdade, neste legado, por mais platônico que possa aparentar (blé). Haverá um dia em que não irei destruir tudo de novo, eu sei.. Mesmo que martelando posteriormente pelo apêndice do erro irei avaliar o seu belo busto de bronze, contemplando a beleza em seu mais íntimo refúgio.

É tudo o que desejo. O caos reforma a ordem. - O momento da ressurreição.


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Barbante

Vi o vento torto, suplantar mudança, onde encontra-se agora?
Comovido faz acabar, pra rimar com dor..
sorte em cena, caminha e acena, pulos altos com passos curtos
valores fortes, princípios certos pra fazer-te entender, verdes pastos fará do tempo, apenas um momento.
Desgaste descartável, salve quinhão delega essa ilusão; será isso a forma mais importante do mercado. Fulano pede paz, algum valor de paz...
vira-se morto, reconstrua o morto, em meio a terra é apenas o que lhe resta

Vaso de plantas, plantas mortas, incrível reação.. faz sua própria adubação.. renasce outra, sequencia do fruto da sua morte
prematura, entrega-se a coçar calcanhar de outra, preso em sua veste servil, cactus é a marca da sua planta rabuja, semi viva..
sabota sua essência, tira férias independência, cosmopolita condescendência... sinta-se em casa, frívola existência.

domingo, 30 de outubro de 2011

O Mar Pela Janela


Já te vi, uma miríade de vezes. Mas por que então agora?

Te sorri e você fingiu. Abrira mão de um pensamento corrente, para tentar se explicar, saber de onde vinham aqueles olhos. Se de uma festa onde acontecera de tudo, se de uma noite mal dormida, se de um dia de pura solidão ou se do nada.
Escolhera um levantar de sobrancelhas, nos moldes de: E aí, vai ficar assim ou vai me dizer o que seja. Você está estranho hoje, não me cumprimentara!

Mas eu não sei o que me dera desta vez!

Nesse vaivém de olhares, como onda quebrando na pedra - engraçado, é a onda que quebra? - aqueles que quando se encontram, se desviam, uma hora me afoguei, não te achei, na multidão que se colecionava, na noite progressivamente menos fria.
E como numa chegada à superfície, de um longo mergulho, arquejante me joguei, às braçadas, no mar dos corpos dançantes.
Te encontrei, procurando meus olhos nos outros tantos. Me aproximei, anulado por teu sorriso, mudo pelo bradar do significado.

Tormenta.

Sem uma só palavra, aspiramos coléricos ares de uma vontade e fizemos tempestade. Na insensatez abluída pelos nossos beijos, pelo reconhecimento, por nossas mãos, de nossos ressaltos. Pelo mar revolto por trás das pálpebras, pela enxurrada da libido. Ais de uma ignomínia sufocado por um querer surgido. Inopinada ilha vulcânica que antes não se via.

Calmaria.

No paradoxo da morosidade que se levou com a fugacidade que se teve, me perco e me vejo, náufrago, perdido. E o cheiro do mar, dissoluto, remete a infância, juventude e mais tudo aquilo que o resoluto ocaso criou e desaguou!

sábado, 29 de outubro de 2011

Significante


Sob os véus de sua inconsistência
Fazes caretas para tuas escolhas
Nas maçãs as lágrimas secas
Do gênesis pecado desta tua bolha

Carinhos novos te fazem comum
Âmbar nas sombras ociosas
Num sol que só acende copas
Copos, desespero, abstração
Entreabrindo cortinas empoeiradas
Re-insignificando, em bocejos, coração

Reis (in: ) Satisfeito


Quero tudo o que não me pertence, porque o que é meu já não me basta. Deem me o Mundo, deem me Gaia, deem me Ela numa bandeja de prata. Me joguem aos leões se preciso - pouco me importa.

Das cinzas do meu cigarro vem me o gosto pouco doce da vida, e como é bom, não? Inspiro e trago pra dentro tudo quanto aspiro, todo oxigênio e grandeza de uma paisagem onde me insiro mas não caibo.

Sim, sou da vida, por mais que ela me negue. Não suporto o peso da terra e talvez por isso, mirando a Lua, queira içar me pra junto dela. Perco, logo insisto.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

ADAPTAR

Tudo excede, fumaça, toxico, sua vida, gás, consumir, oferecer.. valer, valor, tudo é jogo.. valorizar, sodomizar, almejar, sentir raiva e medir palavras, livros pra você entender o game, revistas pra você aprender posturas bonitas de vida ... ser humano não é viver, ser humano é jogar, humano completa-se com seu esquema de mexer peças, se auto estimar, criar ícones, mais perto do presente, o sorriso do cavalo para comer suas peças; o bispo, parado, esperando sua chance de cruzar o monte, de ganhar seu dinheiro ou seu amor. Maneirismos, chavões inúteis, carmas sádicos não vão te salvar... no entanto, tudo em vias autorais, pois humano, mais que nunca, é jurar vencer; mesmo não sendo aquele o seu apego, visto que desanimar, rima com uma má jogada. Valorizar determina quem morrerá, manobrar e ser manobrado; ser humano ser estranho... vencerás?

terça-feira, 25 de outubro de 2011

De poucas palavras


Um beijo é a conversa de duas bocas que falam sem proferir palavra. Quantos discursos, amante, já não se deitaram nos lábios teus, doces pequenas Papoulas encerrando teus risos?

A oratória tua, quanto deleite já não me trouxe pelas papilas macias de teu tapete quente e úmido?


Que seja essa minha cela, e que nela me prenda.Acho que te amo, mas não o digo. Não sei. Amor não se acha assim. Te digo então o que eu acho, ora, e é que amor não se diz: Amor se faz.

Circus


Corro, na ciência da circularidade do percurso!

Concorda sempre porque (a)corda bamba, trapézio, se deteriora. Espetáculo para ninguém ver. Despojos de uma loucura infinita. Fazemo-nos de negação na lona da mentira. É palhaço em chamas numa platéia às gargalhadas. É o malabarista que deixa as lâminas caírem em seu número. A danação do domador de feras, visto sorte, que se encontra acuado num canto da jaula. A morte no globo da morte.
Nos vemos assim, sem expectativas de outros caminhos, sem sombras, brios. A um passo do fim da prancha.

A tentativa é falha desde que você abriu os olhos!

São corpúsculos de necessidades que penetram as narinas vermelhas. É a derme cálida de nossa tez acesa. É o ébrio que aplaude a nossa circense ilusão.
Tudo que fora, de fora a fora, em dimensão, em ganho, se choca com outra coisa que não sei o quê. Que faz diluída a poesia, que consome em ironia a proposição.

E a saída é logo alí!?

Arquibancada vazia, desmonta-se para partir e ser galhofa em outro lugar.
Mas é sempre a mesma audiência, mesma trupe, mesmo roupa, mesmo medo, mesmo tesão. Outra alegria, outra dor, outrossim, outro não.

E ainda dizem que os concordantes não se dispoem!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Regime.

After The Bombs.

Vida moderna, muito tempo sentado em frente ao seu um laptop ou pc.. Insaciável ansiedade.. Torna-se aberração em tão pouco tempo. Inaceitável, indesejado, o espelho é uma luta eterna.

Pra que tudo isso?

Você precisa emagrecer, já! Aliste-se já a essa causa e no final adquira um corpo perfeito.

Chega de te olharem com nojo, com asco. Você é mais, "You Can Do It".

(Aplausos)

(Pausa para o comercial):

Causa Mortis.

Todos perfeitos em uma sociedade magra e bonita, rumo a Asgard! Obtenha também o seu aplauso, seja observado e faça valer a sua existência. Seleção natural, pois é, pois é... Grande sábio positivista, persiste, mesmo após o Anjo da Morte.

Resultado? Você homogêneo, limpo, higiênico e aceitável, nunca saudável (Mentalmente então, nem me diga).

Agora, pense mais um pouco sobre a palavra "regime".

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Fragmento - A existência em episódios.

"Sustentável será o dia em que pudermos suportar nossa própria imagem refletida por completo."

Cogito Ergo Sum.

Multidões sem rostos?! Famigerada necessidade conflitante entre aquilo que criamos e o que vemos ao contornar o vazio. E no final? Tagarelamos para preencher com obstáculos aquele peito vazio que habita nossas vagarosas noites. Longas são essas noites... E como o de sempre, o desespero balbucia sobre as peças que a vida prega, à medida que nossas couraças esvaem-se entre nossos rostos que já se emudeceram. É irrefragável a miséria, não obstante a dissimulação...

Em disparada.

Veja e observe a sua carruagem em alta velocidade! Não hesite em observar sua própria pressa, atente-se aos corpos que padecem ao redor, durante o espetáculo de sigilosa competição a qual se acometeram: Eles não podem parar. O movimento é constante... Se cair, levante! Você tem que entrar nessa corrida! Seja visto, junte seus cacos para compor esta alma e acorde! Ela necessita de verdade, ela precisa ser vista, ofereça feeds de você mesmo, ora pois, e porque não oferecer?! Ainda não se convenceu? Mesmo depois de ter sido fuzilado no paredão da liberdade?! Ora, pequena força subjetiva... A era dos gigantes já caducou, somos todos fragmentos.

Liberté? Follow the provincial beat :)

Ops! Disse algo a liberdade? Com todo esse frenesi, não deve ter tido tempo de se explicar. Até onde sei, ela está sendo permanentemente desmontada, sem perspectiva de permanência. Portanto, vamos permanecer em movimento?! E assim por anos, ser nossa catequese, seguindo o evangelho da identidade perfeita, o paraíso do vazio (dis)funcional.

Embora não tenhamos encontrado o paraíso, temos esta projeção, a propaganda que seduz como nunca visto. Escandalosa pela emancipação e desregulamentação, é digna de orações, para que em um de seus bruscos e parciais movimentos seja encontrada a identidade.

Rabuja



Aguardava a minha usual condução passar, rumo ao meu trabalho, quando esbarrei em uma senhora que me execrou por tal feito. Percebi que haviam mais outras duas com ela; eram avó, mãe e filha. As três pareciam ter a mesma idade. Todas rancorosas, manquitolantes e cheirando a roupa de muito tempo guardada no armário.
Lembrei que essas senhoras são famigeradas aqui pelas redondezas onde resido: são mulheres que não falam com ninguém, além delas próprias. E quando a necessidade de dialogar com outro é inevitável, são totalmente rijas e sarcásticas. Além disso, não se sabe mais nada sobre ímpares criaturas.
Odientas pelo acaso, pelo ventre? Não sei! Mas senti um certo calafrio ao me ver, numa consequência, como tais.

Ora, o que há de errado em ser rabugento? É sarna que já não me sai. É parte do meu todo. Sou eu, travestido da ironia da vida.
Será que este é o meu tal fado que tanto minha mãe dizia? Meu filho, assim, deste jeito, vais terminar com ninguém, a não ser que encontres uma pessoa tão ríspida quanto, que te entenda!
Será um mecanismo de defesa que virou a máquina inteira?
Assemelha-se mal humor à tristeza, mas o sarcasmo discorda.
E é tão bom atropelar, as pessoas, neste trem descarrilado, para o que nos cerca. Pois nada é tão verde assim!
Reclama-se por haver de se reclamar!

É prazenteiro ver os filmes do Woody Allen, e os seus personagens - onde a maioria das vezes ele próprio atua - tão reclamantes de tudo, com tiradas geniais a qualquer sentença alheia, sobejando ironia. É boníssimo se reconhecer alí, dar gargalhadas por entender a piada e um sorriso de canto de boca, de alívio, por não se sentir só, nessa grande e única tribo sem acordo, que lê-se: humanidade (ha!).

Minhas opiniões não possuem escudos. Vão de peito aberto, na direção do golpe do ocaso que quer se entender alvorada.
É tudo preto e branco - pessimista? Não, realista! Misantropo? Talvez! - sem o verde, sem o cinza, sem o azul. Mãos coladas no corpo e a velha convicção do carnaval, onde a alegoria quer dizer o que estampa mesmo.
Ainda sou jovem, mas será este, o beijo do destino para quem já deixou de sonhar, minhas três ranzinzas senhoras?
Será?

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

NIRVANA


Foda-se a alma, foda-se tudo, foda-se o que você pensa, foda-se o que você come, foda-se o que você quer, foda-se o que compra, foda-se o que diz, foda-se o coração, foda-se a gratidão, foda-se a honra, foda-se consideração, foda-se a vida, foda-se seu deus, foda-se o sangue, foda-se história, foda-se compaixão, foda-se união, foda-se rejeição, foda-se peixe, foda-se gado, foda-se raiva, foda-se amor, foda-se sorte, foda-se coisa fofa, foda-se Paulo Coelho, foda-se vestir, foda-se dinheiro, foda-se essa cidade, foda-se essas pessoas, foda-se o céu, foda-se o inferno, foda-se atitude, foda-se ser, foda-se ouvir, foda-se existir, foda-se morrer, foda-se isso aqui....

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Coro


Porra e como eu gosto!
Mas que coisa é essa que nos aflige? Tudo quanto é ser do-ente se vê, sem querer, assim, incurável. Atrás de soluções para problemas criados por si próprios. Vestindo cicatrizes por medo. Procurando vacinas em nossos gritos.

Voa, filho da puta, voa!
Já quis estar do outro lado para chamar o vício, pecado, e me censurar por amar-te.
Ora, mas que aflição é essa? Ontem já foi presente. O presente que recebe, sucedâneo, novas asas de anjo. O pretérito imperfeito, halo. E o futuro do pretérito que se consome manto.
Ah, querubim maldito! Arrasta-se por não querer voar. Fita com o olhar algo que te é invisível. Claudica em suas conclusões e faz de um momento, abismo. Criando luz aqui, enquanto a escuridão devora todo o resto.

Se o que toca só atingisse a si mesmo!
Num gole de vaidade embriaga-se e encontra a linha tênue entre os seus martírios e sua felicidade. Mas por certo, tropeça, nesta mesma linha, incidindo em novos ápteros, numa sarjeta coberta de penas, já se abrigando - com os seus membros alados - contra os conseguintes que vêm a cair.

E olha que nem são feitas de cera.
Nesse enleio de tantos conflitos, nesse préstito para o fim da esperança, protele os teus passos, certifique-se da circunferência. Pois o mais pacato torna-se fera quando se encontra direção.
E vá com o que ainda te sobra de força. Pois talvez, você me encontre no meio do caminho, sorrindo, por ter perdido totalmente, asas e lucidez.

Entre a meta e a narrativa.


“Nothing is true, everything is permitted!”, dizem os caquéticos. Coexistindo com um forte apelo as sólidas estruturas, a glória, a verdade, ao próprio, a histeria da barbárie contra o cuidado de si, isto é, se houver audácia que assine o “si”, eis o beat provinciano, inclinado (ou rebaixado?) ao figurão londrino ou parisiense.

Se Deus está morto, então tudo anda, em uma fine couche, tudo é permitido. Do perecimento da crítica ideológica a krisis de todo diálogo mercadológico totalizado pelo simulacrum, eis a peça boêmia que foi empilhada (em fragmentos, claro) pela academia: Volátil à medíocre sedução pelo que é simplesmente narrativo, desapercebido pela metanarrativa, sedento pela identifição e (re)conhecimento.

Santificada seja a fabulação! Que transformou furtivamente os clérigos de outrora para os consumidores desta pobre e desértica geração.

Ahá! Mas como um bom pseudo, é sempre bom investir em dicas instantâneas e frases fabricadas, pois "a técnica também é fábula."

domingo, 16 de outubro de 2011

Descobre-se

Nessas horas mais que nossas
Quando minha língua fere a carne
E sem rebordosa, tu descascas
Na autoridade do branco dos olhos
Sonhos antes tão compridos
Se perdem na passagem do gozo

Nos vemos abjetos, por pouco
Tratamos tudo pelos poros
Enquanto as peles se colam
Enquanto os corpos se travam
Nas batalhas silenciosas
De todas nossas injúrias

                 ***


Quando, de assim, não mais guias
Me faço, na recusa de tais beijos
Me interpelando por pútridas vias
E me sugando, todo; o percebovejo

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

JUNTOS, MÃOS DADAS, EM UM MUNDO BONITO!


Você vai ver o que vai comer, pegar, sugar, chorar ou amar..
parte do jogo de viver é torná-lo modus mercantil, tendo a imagem que conduz a algum lugar, com referências fabricando atitude;
Prefiro ver a sua etiqueta demarcadora de bom sensos, espalhando frescor de bom sujeito.
Planejando o adular dos amáveis rótulos, o sujeito aparentemente mais poderoso, a moça aparentemente mais poderosa;
Sapiente, o crente não vê essência, apenas forma consciência coletiva, forma manada coletiva... manobrai-vos, quem os conhece.
Sólido, acanhado, ser humano comum, fraco... lhe resta trabalhar, por conseguinte consumir, viver o de costume...novas roupas, carros, comidas, bebidas e tecnologias, forma-se em status quo.
Sabe-se, em algum lugar, resistirá a mais nobre razão sobre a mais pobre emoção, como em “ à palo seco” , a idade mais próxima do fim da descoberta, 25 anos... é o fim da juventude, resta-nos a resignação, por fim, tirando a razão, vem as velhas distrações, que te farão esquecer de todo resto.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Ouro de tolo, Ouro de Preto

sábado, 8 de outubro de 2011

Cura

Vós sois a espada que se faz justiça
A loja de coveniência da minha esquina
A fantasia secreta do meu carnaval

Vós sois o porquê da minha preguiça
O alívio cômico da minha sina
Seus seios grafite, meu peito mural

                     ***
Vós sois o bandido, o mocinho
As periódicas nos bares, lupanares
O cavalo branco de Napoleão

Vós sois o revés, o carinho
O Suspiros Poéticos e Saudades
Desta minha pátria coração

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Pain


Seque o seco o secador, foge o cerco o seu amor!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Cinéma


A arbitrariedade não me deixaria espectador.
Que estranho, parece que já vi este filme. A claridade da tela incomoda os olhos sedentos por uma cena em que sinta os personagens entregues, para poder se emocionar. 

Eu te amo e nada nesse mundo me fará mudar!
Não vejo sinceridade requerida. Mas, talvez, no olhar de dúvida da personagem. Esse sim me prende. Me parece tão veraz que acho estar transpassando sua atuação.
A dúvida: maldito algoz do amor, maldito algoz de tudo. O purgatório da vontade. A fera de dentro do olhar, na mesquinhez que se espera.
Ela não sabia se queria. Viveu uma eternidade absorta em um pensamento que durou 5 segundos. Jurou que não iria mais ter dúvidas quanto aquilo. Mas as teve.
Dada a lacônica certeza - aquela que você conhece, que se diz certa - dúvida.
Um cigarro ao sair da sala de cinema, numa noite chuvosa - um remédio, após um filme em que você já sabia o desfecho - uma sensação morna no peito, de que precisa tomar uma atitude, no respaldo de tudo que se acabou de ver.
Outra vez. A tentativa de não errar é apenas mais uma tentativa.

Por toda a minha vida!
Na vida, além da corpórea - aquela que te mata - existe a vida da vida; aquela que você deixa nas pessoas, no tempo. E é assim, até não mais lembrarem de você. Até aquela marca, em forma de coração, na casca da árvore, do casal apaixonado, desaparecer. Até o livro que você escreveu ninguém mais ler. Até o prédio que você projetou ser demolido. Cuidamos de uma, esquecemos da outra, é sempre assim, essa balança irregular, onde o roteiro é bom, mas não a execução.

Nunca conheci alguém como você!
"Conheça-te a ti mesmo" primeiro - não sei nem se esse cara existiu - para as dúvidas serem menores que nossas mãos e possamos carregá-las em nossos bolsos; sem produção de lixo, sem mea culpa.

Rebobine.
Isto aqui parece um filme, de locação enorme, num misto de todos os gêneros, às vezes bem fotografado, às vezes não, sem direção, porém, todos sabem no que vai dar.
E as estrelas do universo são os créditos do fim.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dispara(-)te


Vim te buscar. Não se amedronte.
É que li em todos os nossos versos que chegou a hora.
Olhe pra mim. Tire essa mão do rosto.
Eu sei que dói, mas agora este é o nosso mundo.
E os olhos de quem se viam sempre a julgar, estão turvos, nas lágrimas que se confundem com os pingos da chuva, que lava esta noite, que nos revela um.
À socapa deixe suas vestes, para não alardar sobre suas pretensões - eu sei que dói. São calos nunca antes pisados. Mas me deixe te conduzir, pois por aqui existem muitas pedras. E muito cuidado com o limo presente nelas. É que aqui passava um rio, que sempre foi o mesmo, não importando quando se olhasse. Até que um dia ele passou, secou e eis então você. No contraponto de uma fluência. Na contraluz de uma essência. Nós mudamos, todo mundo muda! Estamos todos em tubos de ensaio, prontos para nos tornar um paliativo qualquer. O ruim é quando nos tornamos placebo.
Eu sei o que te (trans)torna (n)a minha presença.
Eu sei que não é fácil, que parece sortilégio. Mas está na hora de apagar esta luz e deixar os nossos sóis brilharem por suas próprias contas.

Eu sei que dói, mas, o que mais dói é não se deixar doer.

domingo, 2 de outubro de 2011

Espaço "PIMBA"

sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Fagulha

Paro e penso, quase, sobre-tudo:
Não aguarda o sinal para partir. Olha a sua volta e se vê só, por não entender o porquê de ninguém entender.
Alimenta, à centelhas, os corações alheios para o mínimo de conforto.
Sabe o poder que tem, mas não usa. Mesmo assim, se abusa em não sentir para sentir e ter o que pode dar; um belo mundo em matiz, sinestésico, ímpar, com gosto de adeus.
Não sabe por que é diferente e tenta ser igual a todos.
Os seus olhos, janelas de bordas marrons, onde muitos já se perderam no que alí se cabe (tudo). Pobres tolos perseverantes, enlouquecidos.
Seus cabelos valseiam com os ventos; porto de olores entranhados. Um convite irrecusável para memórias olfativas.
Sua boca, morada de sonhos travestidos de beijos e dúvidas, como néctar, inebriando do truão ao bastião. Uma porta para as loucuras do desejo. Arma que fere a quem se deve e a quem se não.
Do corpo, eu só sei que baila e faz da vida a ocasião!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

O benefício da dúvida

Quisera ter tua certeza, tua leveza

Leviana

Quem dera ter tua esperança, tua arrogância

Despropositada

Pudera gozar tua ganância, ignorância

Bendita

Ai, que infinita jactância a tua frieza, tua natureza

Indulgente

* * *


Mas meu coração é vagabundo (tal qual na canção se apresenta).

Nele não cabe todo Mundo, então arrebenta

De dentro pra fora.

Me sobra o avesso:

Do homem o peso

Do ontem o agora


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Vênus


Curioso, mas a mais brilhante, passado aquele inicial período de natural encantamento, nem parece mais tão brilhante assim. Olhe em volta. Há tantas outras!
Princesas... Caçadoras... Sátiras que nos moldam heróis. Ora, perceba, ela sequer tem luz própria! It's a gas. Missed.

Há todo um universo pra navegar, outras tantas rotas, tantas direções. Finito? Não, não mesmo.
Supernovas por todo o lado. Olhe em volta e perceba. Horizontes a se romper, lembre se: Por vezes demora mais de milênio até perceber que a estrela que admiramos já há muito está morta.
Ela, afinal? A guess. Missed. 

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Arena


O telefone toca.

O telefone toca outra vez.

O empedernir não é proposital. É uma coisa que veio empírica, sabe? Algo que petrifica por desgaste, na distância que esconde o gesto. Algoz de uma esperança torrada pelo sol. Atender está fora de questão.

Da janela eu vejo a rotineira ambulância na porta do asilo vizinho; mensagem de um tempo que arrebata.

Por falar em tempo, ele me pegou. Me vejo mais velho pelo espelho. Parece que tomei um "pileque homérico" nos anos passados, parece que todo o mundo tomou.

Por onde estive todo esse tempo?

Porventura vivendo de sonhos, alimentado por sândices e portentos. - me diriam

No reflexo, o sol me cabe todo nos olhos. Cerro-os para evitar as retinas queimadas; e continuo assim por um bom tempo. Até que o telefone toca mais uma vez. E eu, no susto, abro os olhos, num mundo todo meio azul, veias saltantes, me lembro do que acordara comigo mesmo: Não atender.

Pedra. Mas meu telhado é de palha. Só que eu não quero suas palavras frias na minha orelha quente ao telefone.

O que aconteceu não foi natural. Escolhas não são naturais. É que foi se perdendo os detalhes. O comodismo foi aprisionando-os um a um.

Droga! sempre detestei atender telefonemas. Um medo velado em timidez, talvez. Mas este, este em especial, este que toca agora, me bate como um sofista sem discurso. É como dizer ser "poética a presença do homem no mundo". É como é: patentemente amarga, contraditória.

Quarta vez... atendo.

Na boca a sinestesia do gosto cinza do nosso último beijo, me impedindo de despejar as palavras no bucal do aparelho nesse dia tão ensolaradamente paradoxal.

A princípio só ouço o silêncio - engraçado, né? ouvir o silêncio - logo após, a respiração ao fundo. Meu mundo cai por terra no mesmo momento. É como gostar das várias versões de uma mesma música; gosta porque é ela.

Um alô, de anteparo, me vem.

Eu te amo! - Nada mais assolador do que o que você não espera. É como estar em uma arena de gladiadores com apenas um pedaço de pão nas mãos.

Eu também, vem pra cá!?

Não posso, não consigo! - e ela desliga

E de súbito, irrompe o som do remate - o de ocupado, sabe? tu tu tu - uníssono com as cornetas do fim da minha batalha pessoal e com o meu coração. Mais literal que o que vos escrevo.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Pra Secar



Mata-me enquanto uno,
Me enterre em uma terra qualquer,
Pois, ao passarem as horas
No tempo em que não mais me quiser,
Far-te-ei fatia de mim
Numa minha sociedade amoral
E verás em todos os quintais
Minh'alma estendida no varal
 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

tupá tupá! com gosto de churrasco

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Tudo que é bom



Nota mental: Não deixar de curtir o que te dá prazer pelo simples motivo de que te dá prazer. Se permita curtir, se deixe gozar, se esqueça do resto do mundo e do tempo todo.
#Desintencionalidade

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

" (malandro) " Crente

Punk Crente
Merda
Eu adoro quando o punk vira crente (oh oh oh)
Eu adoro quando o punk vira crente (oh oh oh)
Porque se for pra encher o saco
Que ele encha com Jesus
E não com anarquia, atitude, como ser punk
Ou me pregue numa cruz
É bom que ele tem vinil raro
E vende bem barato
Cólera, o Começo do Fim do Mundo
SUB e Ex-comungados (Ali Right!!)

diálogo durante o solo:

- E aí meu irmão.
- Liga brother, to querendo comprar aquele seu EP do Lixomania.
- Po*ra, 10 reau pra você.
- Pô, 10 reau não cara! Ta sendo muito capitalista comigo, que isso!?
- Meu irmão, cê ta moco, cara! Esse EP é raro pra car*lho! Eu só to vendendo, não sei, é porque eu não escuto mais, que minha religião não permite!
- Rapaz, agora que a sua religião não permite, por quê você vai querer um po*ra dum CD? Cê ta curtindo modinhas capitalista. Eu sei que Jesus é um cara meio capitalista, mas pô, faz um disconto aí pros brothers.
- Ta bom, ta bom, ta bom! 5 conto.
- Ah, aí é legal! Vamo fumar uma pedrinha de crack.
- Que isso? A minha religião não permite!

Ahhhh oohhh
Ah Jesus!!! Ah meu Deus!!!
P*ta que o par*u!!! Quando o punk vira crente!!!
Eu também adoro quando o punk vira crente!!! oohhh!!! oohhh!!!
Eu adoro, ha ha ha! Eu adoro quando o punk vira crente.

- Fechado o Negócio!

sábado, 10 de setembro de 2011

Três vezes água (460°)

Cercados de água, disformes limites, convite certo a caminhos errantes. Assim se cresce por aqui, alijados do restante do mundo, representantes primeiros de tudo quanto é último. Assim se cresce.

Sozinhos, como o resto. Limitados – pela sua geografia. Limitados – pela história sua. Limitados sobretudo por seu infinito senso de limitação- e quanto pior – o seu primitivo senso de imitação. Guiados por mensagens em garrafas que teimam em atravessar os tempos. Atrasados ecos daquilo que um dia já teve sentido, restos de naufrágio. Salgados de mar e ferrugem, ecos que soam como leais cópias de diretrizes inquestionáveis.A nós, ilhéus, nativos de um mundo perdido, nos bastam. Por isso brindamos o alheio, como oferendas que nos chegam das ressacas de além mar...

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Enquanto isso, Ilha afora...


Feliz 6/9!

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

- Senhor! ... deixou cair sua vida..

Bajular a preta, convencê-la de si mesma, dar costas ao capeta, servir ao ostracismo em si mesmo, carregar nos ombros às costas volumes pesados, contar rasgadas maneiras de fazer-te feliz, sanar seus vício, carregar seu embrulho pelas ruas sujas, lisonjear, golfar na sua privada e limpar com a língua, manter sua atitude em dia com perseverança de um davi, para manter seu leito cheio, adular socadas vezes a sua beleza. Pronto, você pode descansar aquela alma que já foi viva, pode morrer agora, senhor bobo.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

No princípio, agora e sempre

" Lembre - se: Mesmo Deus tem senso de humor. Veja só o Ornitorrinco." Kevin Smith, cineasta



Jardim do Éden. Satisfeito com sua própria criação, Javé decide que para manter sempre impecável toda a beleza e esplendor recém criados, deveria Ele designar guardiões, gestores de toda fauna e flora que ali descansavam em berço esplêndido.

Viu pois o Senhor das Esferas as abelhas com seu zumbir agradável... Tão diligentes e felizes em ver seu trabalho ser cumprido, tão cientes e orgulhosas em poder colaborar com o bom-funcionar de suas colméias!

Mais uma olhada e percebe o Alfa e o Ômega as formiguinhas a carregar coisas de lá para cá, sempre alertas e dispostas, sem deixar um só segundo de dar seu melhor em prol da coletividade. Mas não. Ainda não era isso...

É quando percebe, extasiado, todo o potencial escondido de uma raça! Tudo aquilo que de mais absoluto, arauto maior de sua obra, tinha a oferecer o povo seu eleito. Num canto isolado do jardim, deleitando – se só, está um macaco pelado, a se masturbar feliz e despreocupado, sem saber de toda aventura que dali por diante caberia a cada filho seu e de sua subversiva Eva.

E o resto é história, meus amigos.

sábado, 27 de agosto de 2011

Onírico


Quando acordei, levei um susto. Eu estava de bruços e tive um pesadelo. Daqueles bem soturnos que nos fazem transpirar suor e receio de que aquilo seja real.
No instante, entre o fatal e a ilusão (aquele em que você tenta entender se o vivido foi verdade ou não), eu a vi ao meu lado. Tão plácida em teu sono, um sorriso leve marcando teu rosto. Devia ser um sonho bom.
Mas, ao meu remexer na cama, na entrelinha de quem reclama que o outro não acordara, ela abre os olhos, como quem abre as janelas em um dia ensolarado:

Que foi? ela me pergunta

Pesadelo, dos terríveis!

Com o que sonhara?

Noites em fogo, um beijo, tudo de novo!

E eu dormia de bruços!

Que estranho! ela diz. Nunca te vi ter pesadelos de bruços!

Pois é, nem eu!

Me abrace e voltemos a dormir, meu bem!

Não consigo! Estou afim de sair daqui e comer sem faca, não pentear os cabelos, vestir qualquer roupa e largar um foda-se pra tudo o que você disser!

Mas você não me ama? indaga a minha amada

Amo; e é por isso mesmo que eu quero ir embora!

Você lembra do livro Édipo Rei? subitamente ela me lança

Lembro, porquê?

Não, nada. É que me veio à cabeça o fado de Édipo, os enigmas decifrados da esfinge e tudo que o acarretou por culpa das atitudes de seu pai, o rei de Tebas.

Pobre Édipo, furou seus próprios olhos ao descobrir o que tinha feito. Maldito destino. Eu lembro sim!

Pois é, maldito destino!

Leve um casaco, pois está frio para lá das portas!

É, acho que vou levar mesmo. Adeus então meu amor!

Adeus!

Caminho em direção à porta. Abro-a e um clarão me põe de volta na cama, naquele mesmo instante; entre o fatal e a ilusão:

O que foi? ela me pergunta

Pesadelo. Terrível. E eu dormia de bruços!

Que estranho, você nunca teve pesadelos de bruços...