quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Cinéma


A arbitrariedade não me deixaria espectador.
Que estranho, parece que já vi este filme. A claridade da tela incomoda os olhos sedentos por uma cena em que sinta os personagens entregues, para poder se emocionar. 

Eu te amo e nada nesse mundo me fará mudar!
Não vejo sinceridade requerida. Mas, talvez, no olhar de dúvida da personagem. Esse sim me prende. Me parece tão veraz que acho estar transpassando sua atuação.
A dúvida: maldito algoz do amor, maldito algoz de tudo. O purgatório da vontade. A fera de dentro do olhar, na mesquinhez que se espera.
Ela não sabia se queria. Viveu uma eternidade absorta em um pensamento que durou 5 segundos. Jurou que não iria mais ter dúvidas quanto aquilo. Mas as teve.
Dada a lacônica certeza - aquela que você conhece, que se diz certa - dúvida.
Um cigarro ao sair da sala de cinema, numa noite chuvosa - um remédio, após um filme em que você já sabia o desfecho - uma sensação morna no peito, de que precisa tomar uma atitude, no respaldo de tudo que se acabou de ver.
Outra vez. A tentativa de não errar é apenas mais uma tentativa.

Por toda a minha vida!
Na vida, além da corpórea - aquela que te mata - existe a vida da vida; aquela que você deixa nas pessoas, no tempo. E é assim, até não mais lembrarem de você. Até aquela marca, em forma de coração, na casca da árvore, do casal apaixonado, desaparecer. Até o livro que você escreveu ninguém mais ler. Até o prédio que você projetou ser demolido. Cuidamos de uma, esquecemos da outra, é sempre assim, essa balança irregular, onde o roteiro é bom, mas não a execução.

Nunca conheci alguém como você!
"Conheça-te a ti mesmo" primeiro - não sei nem se esse cara existiu - para as dúvidas serem menores que nossas mãos e possamos carregá-las em nossos bolsos; sem produção de lixo, sem mea culpa.

Rebobine.
Isto aqui parece um filme, de locação enorme, num misto de todos os gêneros, às vezes bem fotografado, às vezes não, sem direção, porém, todos sabem no que vai dar.
E as estrelas do universo são os créditos do fim.

Um comentário:

Anônimo disse...

luz, câmera e ação