segunda-feira, 7 de julho de 2014

Niilismo Miguxo

Quadrado branco sobre fundo branco - Kazimir Malevich

Viva a falta de sentido na busca do sentido (Woody Allen)

Tudo é revogado em nome do porquê?. O fato, de não se saber, talvez seja a resposta - Não sei.
O vazio da existência assusta. Escondemos o medo da autoconsciência em filosofias, ciências, religiões... (aspartame para o gosto amargo na boca). Criamos nossos próprios sentidos à beira da loucura - loucura essa dentro de uma abstração; inexistente, pois seu limiar está dentro de uma convenção tão rasa quanto a própria sanidade.
O amor é sublimado como a resposta cabal ao inimigo invisível, o irremediável. Amor de um verbo não defectivo, conjugado em todos os tempos e modos, é reinvenção romanesca (amor do amor), mas com o porém da sua finitude - Eu te amei!
A morte, dona do último bocado e dos calçados virados, é o nada contemplado da gelada varanda. É que toda a diferença já feita na história da humanidade tropeça nesse abismo: a conclusão - o tempo brinca pouco no cosmos quando a morte é mãe.
Inconscientemente sábios, os mais parvos constroem universos com uma mão nas costas. E os que excedem - limitando-se além - se esquecem em suas próprias alquimias.
Abnegamos a percepção de estarmos sós - acalantar-se no colo da semelhança - para agradecer a um mito todos os dias por termos uma vida menos medíocre que a do vizinho.
Em virtude desta nossa individualidade coletiva, somos inimigos de nós mesmos. E a evolução no conflito não ocorre, pois a erística sobeja.

A ordem é a roupa escolhida pelo caos para sair.


Sombra




   Quem é você que pousou por um instante aqui, como uma alma sombreando um lugar esquecido, pouco habitado depois da morte daquela senhora, eivado de injúrias e tratados sem conclusão. Eis que os dentes brancos, apesar do cigarro, não perdem o poder de atrair, estavam todos eles unidos e bem calcificados, mas será, assim como esta copa do mundo no Brasil, um misto de sentimentos e uma onda metafísica que não consigo deixar de gostar, ao ver todos aqueles dentes, que formam uma bela arcada dentária, quando se postou, após o abrir das cortinas, não consegui, apenas me rendi.

Todo o movimento bêbado daquela menina, não entendia o possível significado maltratado da vida em um flerte, não poderia crer que aqueles olhos seriam muito mais vivos do que pareciam. Tendo em vista todo o conluio mundial em torno de coisas fúteis, não acreditava que poderia discorrer sobre a vida com aquele sorriso, imóvel, enquanto a boca se movimenta.

Mas como tudo é descontinuo, tudo é admirável mundo novo, por tudo, não consigo agitar para explodir em algum lar verdadeiro e harmônico, este é o tempo que não desejo conceber por você, indago o valor social, o que lhe faz vivo, e não estará por entre essas frestas por onde vejo seu âmago entreolhar-me em claustrofóbico aperto; mas passa, passa rápido… e eu não saberei quem é você em um próximo passo, eu passo. Com amargo deixado, não passa de uma sombra.