quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Fado e Tango social.


O jovem Alpatico ansiava por inventar novos rumos, outro futuro, pequenas portas lhe esperavam, mesmo assim ele reagiu, começou com atitudes invariáveis no tempo. Sentado na janela, a contento, pensando no desdobramento perfeito, quieto, não sabia, aquele seria o passo para o invento. Tratou de observar os tratores barrentos que adulteravam estradas e monumentos não oficializados, observou os arredores intrincados, com aparência velha e caída; toda bela arquitetura era largada. Depois de um cigarro, entrou em contato com a energia que restava, visto que auto conversalhava-se, pois precisara de um motivo para não perder o foco, este era seu último cartucho para o nascimento de uma nova vida, sem passar pelo setor inseridor de rótulos eminentes. Sobrevoou o vulcão, quebrou canos, fisgou peixes, abriu buracos, viajou o mundo, cagou na laje, sobrecarregou o próprio fígado, perdeu dinheiro, gastou a retina e recebeu novas missões. No entanto, com 24 anos, pediu para ser sacrificado, descabeçado mesmo. O outro amargo observa ,que a cada dia que passa, Alpatico se parece mais com aquela arquitetura morta, velha e caída; que os tratores passam, respingando barro em suas caras em uma inércia sem fim, contudo, inserido no mundo ordeiro, eis o cordeiro.


Sinto o suspiro fático das vias vidas sofridas, ao par, em tantos momentos de sofismo, pouco desespero.


domingo, 25 de novembro de 2012

Momento Goebbels.

Então rapazeada, o verão está chegando aí, né?

Aquele  que seguiu a cartilha da juventude hitlerista não seria tão diferente daquele que segue a cartilha moral da juventude contemporânea.

Segue o vídeo:
http://vimeo.com/34131364

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Esse é seu guia, não se iluda!





Em vernáculos, com lágrimas dito a sua ausência, começando por teu sorriso tingido, ao te ver em papeis se fazendo de perdido. Compelido a construir, é assim que me sinto quando te detenho. Por vezes, ostenta-te estas pilhas em contornos blindados, por trás, canos robustos à atirar.

Faz-me vítima, provoca almas, congratula protagonistas. Nesta avenida progressiva liberal, é o tapinha nas costas de quem reage, sofre e dissimula. Penso em te ver um dia desses... mas sem tê-lo, amor, nunca será possível, mesmo fortalecido o sentimento, mudado alvo é imutável a dor.

Desatino prefixado, quando enrola(dor), realizando os mesmos passos que eu. Se destina em seu tempo, quando só existe ele, não existe calos. Costurando porcelanas, vendendo balas e indeferindo destinos. Os monges tibetanos precisam, as freiras e os budas também. Todos devotos de um mesmo Deus, resta apenas uma única religião, apenas isso a seguir.


segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Além e novamente com a narrativa.


Preludium

Bem, chegamos a mais um final de ano: Muitas novidades e a todo vapor! Mantendo a velocidade só para não perder o costume de praticar nosso lépido e superficial passeio por cima do já tão sensível e desgastado gelo fino...

Todavia, não é de ficar perplexo presenciarmos, lermos ou nos debatermos com pensamentos tão afundados no mofo. Em 2012, dez anos depois, ainda em uma conversa versejada com um velho amigo, concluímos uma fatalidade após uma corroboração vista por nós uma década antes e que hoje em dia parece ser tão batida para o nosso pensamento.

Alene mot alle: O problema de ver o pós-moderno.

É, pode soar clichè, mas em uma época que ouvir samba não era "a sensação", muito menos ser um londrino tropical - cosmopolite - e tampouco estar além dos dois pólos narrativos - esquerda/direita -  já visualizávamos o óbvio. Sem essa de ser vanguarda,  sabíamos que a tal possuía o sabor e a sensação do passado. Mas isso não era o pior, o áspero era sentir o seu gostinho mordaz, indecifrável, silencioso, como todas as relações de poder que esse filhote de modernidade falha nos trouxe - sub-reptícias.

Não obstante era o nosso ódio.. Eu compreendo, caro moderno, como é preocupante utilizar essa palavra em tempos áureos de "gentileza, gera gentileza" condizendo com a cordialidade que está sendo elevada a seu maior nível de estupidez, para não dizer morbidez. Prejudicando identificar os problemas mais notórios das relações humanas, psicológicas (às vezes patológicas) - e suas piores mazelas.

Homem narrativo, o novo "Idiota".

Gostaria que o Dr. Fausto fosse o arquétipo do Idiota, porém, infelizmente, ele está longe de acontecer. Em meio a tantas narrativas em defesa dos nativos da terra brasilis e com tanto micro hitlers travestidos de indivíduos senis, preocupados e engajados, eu me declaro morto. Idiota, defensor da terra natal e dos costumes "certos", defendia uma narrativa muito clara que fora destruída por um martelo - muito bem conhecido pelos germânicos - e que deu início a uma série de novos pós - estruturalistas.

Ainda hoje, mais de um século depois, convivemos com a narrativa. Ela está aí, à sua volta, cercando-o, aprisionando-o, acusando-o, dividindo-o em nome da liberdade.

Pseudo ist Krieg.

Espero que no próximo ano sejamos mais pragmáticos - não é assim que a narrativa diz ser o ideal? - e nos convençamos ainda mais sobre a necessidade do Estado, de menos "indivíduo", de menos "identidade", de mais narrativas, de mais simulacrum, até que nos condense ao que a distópica literarura de um certo inglês faça-se realidade - apesar de extremamente narrativa e mofada.

Espero que em 2013 tenhamos mais mofo e lodo para remover do pensamento ocidental, para justificar o trabalho, autentificar a utilidade do Estado e assim comermos nossa ração através de um voto ou uma ação coletiva em prol de alguma causa - mesmo que no fundo seja apenas o capricho de cada um.

domingo, 11 de novembro de 2012

In vino veritas est

Isso porque não temos...

Sempre achei saber da história, marginal à sina de velhos declamadores em balcões de bar. Saber das vidas contadas na aclaração dessa minha existência fátua, mise-en-scène, vivendo para colorir o meu sangue ralo. Homo sacer fugindo das leis do homem e de deus.
Como qualquer romântico, piegas em sua maioria, verso meus anseios pela mulher que me toma errante e me lança ao brio. Procela para os meus barcos em calmaria. Revela que toda a minha certeza não passa de um prazer lacônico. Como uma música que fala sobre coisas ruins e eu associo a sua soturna beleza aos meus melhores dias, você vem ser o paradoxo, vem com a tua sedutora indecisão ser decisiva. A redenção do pecador sem o martírio.
É que nessa voz tão cansada venho ouvir meu nome mais uma vez e sei que quando não de palavras me dou, nada sei dizer. Mas nesse e desse nada, niilismos à parte, vejo mais que tudo.
E que falem pelos cotovelos, até mesmo pelos joelhos se quiserem. Mas numa hora incerta, quando os ponteiros não disserem qualquer coisa, tirar-te-ei uma gargalhada, pois é ela quem aplaca a minha bomba coração.
E o meu hálito quente e mau cheirando à bebidas dirá tanto em tua nuca que os pêlos se eriçarão como se à procura da verdade que acabara de passar por alí.

E a história, sabe? Vai sendo o que você me contar.


sexta-feira, 2 de novembro de 2012

Cachorro morto



  Seu Inquieto senta na cadeira de plástico, puxa um cigarro de trás da orelha e começa a escrever no seu velho e imundo caderninho: 

 - Hoje não falarei de amores que sinto ou invento, amores de qualquer tipo. Vejamos... (Pensando)

  Talvez da fé que inunda meus irmãos, que os cega e a mim me reserva certa um cantinho quente e sujo no inferno da rotina? Não, melhor talvez do sistema podre de lucro e egoísmo que esmaga os sonhos e engana os pobres, fazendo crer que tudo que juntem hoje através de suor e sangue os fará melhores no amanhã tardio ainda que infalível? 

  Faz sinal ao rapaz que lhe traz a cerveja mais gelada do freezer, suco sagrado que instiga a crítica e afaga as sinapses. Toma do copo, bebe. 

 - Aaahh! Pois que seja mesmo de samba e amor, de como vai longe o tempo em que mereciam a nossa atenção. Que sirva as novas gerações o alerta de que nós os jovens de outrora é que sabíamos ritmar, ter cadência e a carência que é hoje esse mundo apressado e mesquinho das ruas cheias de gente vazia e de um povo que vive máquina, bicho estranho q é o homem. É isso! Hoje falarei da sociedade das imagens, tacanhas gravuras que passivas não percebem o que passa porque pré ocupados com o próprio preconceito de já não mais se entender criadores, não mais serem semelhantes mas massa só, tudo igual, pareado com o que - mas nesse momento eis que passa em desfile a morena. 

  As coxas grossas, o seio farto, e um sorriso espelhado no autor que dá a ele a certeza de que hoje não é dia de nada daquilo. Descanse, caneta! Sossegue, aflição. Que falta faz mais um dia? Que diferença mais letras?  

  A morena vai linda e a cevada gelada. Todo o resto hoje pode esperar.