segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Além e novamente com a narrativa.


Preludium

Bem, chegamos a mais um final de ano: Muitas novidades e a todo vapor! Mantendo a velocidade só para não perder o costume de praticar nosso lépido e superficial passeio por cima do já tão sensível e desgastado gelo fino...

Todavia, não é de ficar perplexo presenciarmos, lermos ou nos debatermos com pensamentos tão afundados no mofo. Em 2012, dez anos depois, ainda em uma conversa versejada com um velho amigo, concluímos uma fatalidade após uma corroboração vista por nós uma década antes e que hoje em dia parece ser tão batida para o nosso pensamento.

Alene mot alle: O problema de ver o pós-moderno.

É, pode soar clichè, mas em uma época que ouvir samba não era "a sensação", muito menos ser um londrino tropical - cosmopolite - e tampouco estar além dos dois pólos narrativos - esquerda/direita -  já visualizávamos o óbvio. Sem essa de ser vanguarda,  sabíamos que a tal possuía o sabor e a sensação do passado. Mas isso não era o pior, o áspero era sentir o seu gostinho mordaz, indecifrável, silencioso, como todas as relações de poder que esse filhote de modernidade falha nos trouxe - sub-reptícias.

Não obstante era o nosso ódio.. Eu compreendo, caro moderno, como é preocupante utilizar essa palavra em tempos áureos de "gentileza, gera gentileza" condizendo com a cordialidade que está sendo elevada a seu maior nível de estupidez, para não dizer morbidez. Prejudicando identificar os problemas mais notórios das relações humanas, psicológicas (às vezes patológicas) - e suas piores mazelas.

Homem narrativo, o novo "Idiota".

Gostaria que o Dr. Fausto fosse o arquétipo do Idiota, porém, infelizmente, ele está longe de acontecer. Em meio a tantas narrativas em defesa dos nativos da terra brasilis e com tanto micro hitlers travestidos de indivíduos senis, preocupados e engajados, eu me declaro morto. Idiota, defensor da terra natal e dos costumes "certos", defendia uma narrativa muito clara que fora destruída por um martelo - muito bem conhecido pelos germânicos - e que deu início a uma série de novos pós - estruturalistas.

Ainda hoje, mais de um século depois, convivemos com a narrativa. Ela está aí, à sua volta, cercando-o, aprisionando-o, acusando-o, dividindo-o em nome da liberdade.

Pseudo ist Krieg.

Espero que no próximo ano sejamos mais pragmáticos - não é assim que a narrativa diz ser o ideal? - e nos convençamos ainda mais sobre a necessidade do Estado, de menos "indivíduo", de menos "identidade", de mais narrativas, de mais simulacrum, até que nos condense ao que a distópica literarura de um certo inglês faça-se realidade - apesar de extremamente narrativa e mofada.

Espero que em 2013 tenhamos mais mofo e lodo para remover do pensamento ocidental, para justificar o trabalho, autentificar a utilidade do Estado e assim comermos nossa ração através de um voto ou uma ação coletiva em prol de alguma causa - mesmo que no fundo seja apenas o capricho de cada um.

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