terça-feira, 15 de novembro de 2011

Prisão Sem Muros


 Na casa assumida pela rotina virulenta do teu pensamento o criado-mudo é o que se destaca. Na solidez do teu silêncio, brada, ele, pelos logos engolidos por suas gavetas. Ironicamente, este é posto ao lado da cama, onde mais habita você que é, completo letargia. Como pó que o vento insiste em carregar, num bailado circular, na rarefação do que acha ser rota.
Os teus olhos se bastam em seguir as pessoas, lá fora, com suas maletas/muletas cheias de incertezas, ambições e papéis que tão muito deles, tão pouco fiéis. A brincadeira de ser deus já não cansa mais nem as pernas.
Periodicamente, na tua janela, procura teus muros; a sustentação desse universo insustentável. Passa a viver do mito, travestido maldito que se estende no escrito, com um medidor moralista nas mãos. Na linha do teu bem-estar, sublinhada, consoante aos teus gritos debaldes, entrelinhada à tua verdadeira essência vogal. Todas fagocitadas pelo mesmo criado, criado para ser mudo.
E o que rodeia gira e te faz água sem moinho para mover, faz querer sem desejar; aglutinado ao que todo o mundo já escreveu em tua carne, não te excitando nem a passar do limite que divide a rua do teu quintal.