sexta-feira, 7 de junho de 2013

Sem som





Escrever pra você é desviar-me do futuro. Escrever pra você é dizer não. Escrever pra você é fechar-se em clichê. É cuspir em pratos limpos. É viver o lúdico romance como um fóssil hostil. É pestanejar ao ejacular meu clima árido sob re duras penas, suja... sim, é uma pena.
É tentar ser valente caçando culpa, ao fazer troça do irreverente menor pistoleiro. É assistir um filme em preto e branco, sem som, do diretor dramático espanhol cult. É situar-me em instantes crônicos de uma lenda, sem sinal, sem vida. É protagonizar o velho, excêntrico e moribundo, sem paladar para novidades. É sugar o que resta da sua vida comigo, em minha varanda opaca, com nenhuma luz. É viver nesta prosa sem fim.

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