Por todos os lados as hordas avançam. Sede de justiça; fome
de pão; azia de acalanto e os olhos baços de esperança ou outra droga qualquer.
Muita vez enchendo – se de razão, tomam moinhos de vento qual Bastilhas fossem.
Há mesmo Esaús e Jacós a degladiar por uma mesma razão, brigando por dizer
diferente o mesmo pesar que há tanto entala suas gargantas. E chovem pedras,
num céu cinzento de mármore a recobrir o Sol da liberdade e seus raios fúgidos.
* * *
Uma guerra civil traz, ironicamente, a imediata morte da
civilidade. E somos todos órfãos de pais que punam, buscamos inconsciente razão
para que nos parem. Por que tudo nos é dado a mão beijada? Merecemos um não,
merecemos barreiras. Proibido proibir... Ahmm tá... Liberdade pra se estar preso
a velhas formas do pensar, romântica glamourização de ter saudade de tudo que
eu não vi ou vivi. Queremos mais que o direito de ir e vir - buscamos o direito a que nos levem no colo.
E muita vez não vemos, por mirar só o passado, que ainda somos o país do
futuro. Ainda filhos de uma revolução líquida e difusora de readymades e autocorreções. Tudo tão
acético! Errar ? Jamais! Para aprender, basta ser ler o coleguinha, escolher seu
modelo e a carapuça vestir. Não, você não é o Cara. Não, você não é melhor que
ninguém. E não, você não é um floquinho de neve especial, senão mais um peão na
massa, a quem não se dá o direito de pensar (ou não), de ser, de não se
encaixar. Escolha sua bandeira, desfralde e vista.
* * *
“Apatia” é uma palavra quase tão bonita quanto “melancolia”.
Mas bem menos confortável. Sentimentos são rotulados como tudo o mais, e assim
é só buscar na rua a prateleira mais próxima e bradar aos quatro cantos: “Estou
livre! Sinto!”. Nunca antes na história desse planeta fomos tão dependentes do
outro, em especial de sua aprovação. Esse texto mesmo, jamais deveria sair da
gaveta. São minhas palavras, minhas! Meu pensar e meu sentir. Deveria engolir
essas palavras e digeri – las como achasse conveniente, e você também. E
certamente não seria a primeira pessoa.
* * *
Talvez eu seja pré – história. Talvez só precise de um
regaço quente ou de orientação, alguém além de eu mesmo para ouvir chiar meu
peito rouco. Talvez você me seja suficiente. Sem talvez, eu sei, nunca serei autossuficiente.
Um mundo tão cheio de dúvidas que resta apenas uma certeza: Devemos ser
infalíveis, ainda que no erro. E que errando, aprendamos a fazer diferente, e
diferença. Aprender a caminhar ao tropeçar nos próprios sonhos, ideais que nos
guiam pela noite escura. Só pra na sequência levantar e caminhar mais firme e
convicto. Como nossos pais.
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