sábado, 30 de julho de 2011

Para Onde Você Foi?

Aquela coisa tão bonita, aprazível, denotada em beijos apaixonados e declarações românticas, insigne em nossos ancestrais, feneceu?
Me parece que este tempo, ulterior ao deles, o qual vivemos, afundou essa coisa num triturador comodista, neoliberal, onde se suspira no peso do capital.
A pressa cotidiana canaliza o produto da força do trabalho, tudo o que fazemos, para o sexo (Freud explica).
Cabarés mais cheios, lares mais vazios. Coração à parte, exangue, nos chãos frios da solidão.
Acho que nunca li nada tão visionário quanto Huxley. Pois, lá, em 1932, ele já predizia o futuro sintético e castrado do ser humano. Fordismo, Volvismo, Toyotismo. Produção, produção, produção. O sexo como válvula de escape, a felicidade instantânea e efêmera, amargando as bocas dos Marxes da vida. A puerícia das crianças nas latas de lixo. Um rumorejar nos ouvidos insaciáveis da nossa ruína.

Cadê?
Moribundo?
Morto?
O tempo já não é tempo há tempos. Estamos, somente, tragados em algo parecido.
Nossos olhos não se desviam do trilho, autômato, mecânico.
Onde está?
Onde foi parar?
Que eu não vejo mais ninguém feliz!
Amontoados de culpas veladas, somatizadas, dando as doenças incuráveis do fim.
Acabou o amor. O que eu sei é o que você me diz.
Me sara então, passado, que esse mundo não é pra mim.
Uma vez isso aqui já é o inferno.


*Imagem: Bansky

5 comentários:

Mademoiselle dans les nuages disse...

Tão bonito isso aqui. Comove, desperta, preenche, alerta!

Anne disse...

Vitinho, eu achei super digno o texto. Li pra mamãe, e ela super gostou tbm.

Anônimo disse...

Muito bom, Vitinho!
Vou começar a escrever também.
Baci!

Victor Coelho disse...

Tá bom, Rennini!

Arruda disse...

~Tá no inferno... não abrace mto o capeta.