" Seu hálito quente e secular a tudo cozinha lentamente. Os dias passam diante dos olhos com tal velocidade que até parecem ser um só. A película segue quadro a quadro, um desenho animado em que chovem bigornas, e uma cômica trilha embala estes caricatos personagens: A mulher infiel; o pregador louco (a quem poucos de fato param para ouvir); a beata calcinada dentro de sua própria fantasia a apertar - lhe o pescoço; o poeta sonhador a filosofar duvidosas esperanças recheadas de puro lirismo e o moço velho já cansado de tudo.
Ao fundo um coro de calmas vozes, prenhes de insistente anacronismo personifica a ilusão de que as gárgulas ouvem a ladainha persistente de santos engessados de barro e pecado. Um curioso espetáculo de ventriloquismo e retórica. Assim é que cada um interpreta o papel que lhe cabe na pobre novela do cotidiano.
O vento a tudo bole e com tudo brinca. Desgrenha donzelas, devassa as matas, desvirgina tendências e dissemina debutes. Do autor sabe - se apenas de sua atuação, que afinal o resto pouco importa. "
Pelos seculos, seculorum. Tweetar