Você acha pouco eu
acho nada, fulano acha um tanto, sicrano acha raso, camila acha
tosco, Wanize acha um saco. Carlos acha bonita e se casa, Vitor acha
Feia e rechaça. Maria quer na vida o tijolo perfeito que preencha
o seu amargo vazio sentimental, Alberto vive a vida curtindo os
adocicados predicados da carne. Denise curte sexo descompromissado ao
luar minguante tomando sangria, Marcílio é passivo e gosta de sexo
anal. Beatriz se acha atriz e supera as expectativas da
superficialidade artística dançando balé. Vilmar trabalha como
ajudante de obras, demolindo casas, para que a cidade fique cada vez
mais verticalizada.
O professor aplica aula
por dinheiro, o aluno quer aula por cultura, Adélson quer ensino
profissionalizante, Matias quer livros inquietantes. Josias pinta
barcos de pesca e mora em um barraco, enquanto sua filha de 13 anos
esta grávida pela quinta vez; Eva suspira os tons de cinza de baixo
do chuveiro, degustando cada palavra, assim como Nelson Rodrigues
degustara cada trago de seu cigarro.
Peixoto veio curtir
mais um dia de carnaval, acompanhado de sua esposa e filhos. Alugou
um apartamento em um balneário capixaba, deleitava-se na praia logo
cedo. Jogava frescobol pela manha e futebol ao entardecer, depois de
uma prosa metereológica, com o porteiro Tião. Mano Yamada, sempre
cometendo os mesmos redundantes equívocos, e encontra mais um poste como aliado,
para mais uma golfada. Foi uma noite, passou dos limites, com o
sorriso largo e os copos cheios, mais uma droga, mais uma esbórnia,
no entanto ele tirou férias da vida, ele pode. Você não há de negar, a vida que deixei é muito mais bela do que está por vir, não
faz sentido, ninguém aprende nada, apenas o medo, nasce uma espinha
na pálpebra da coragem, não mais orientada, só mais uma vida.
Apenas curta encurtar essa vida. Odair José, soa fúnebre e datado.
É a forma de amor pra quem quer apego meloso, sistematizando as
tendencias, colidindo em torpes pensamentos brejeiros, translucidando
paixões pela estampa da existência amorosa, constritiva e
conflituosa. Hoje é a morte de mais alguns e a sobrevida cotidiana
de outros tantos.
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