domingo, 26 de agosto de 2012

Chuva

Ecce Homo e piegas metáforas sobre a restauração do amor

Queria eu que a torrente dominical, em toda a sua representação gênese - essa brisa anímica que me bate - lavasse não só a semana que passou, com todos os seus pesos e rastros; mas também a tua insegurança que vela sobre o cadáver da nossa conclusão.
Se por um triz fomos, sem querer, tamanhos, perante o medo dos abismos medidos com os beijos de tantas ilusões, por que não acordar sobre uma corda bamba, enquanto a tormenta passa chamando tua vida pelo nome?
Se eu pudesse adjetivar, em um só predicado definir-te: Vontade seria. Pois isso tens pulsando nas artérias de um coração contumaz. Isso é o que me faz desejar não por singelas vias, mas por, quiçá, talentos latentes, pintar afrescos renascentistas representando a tua beleza; produzir concertos, nos moldes de Pachelbel ou óperas como Puccini - leigamente julgo-os referências - patenteando o meu anseio por ti; 'pelicular' cinematograficamente, com orações a Godard e Truffaut, as intempéries da nossa história.
Ao passo que nunca serei, mas sempre estarei sendo, faço jus ao meu relapso senso de direção e pelas veredas da tua incompletude me guio sem foco, olhando tanto para trás, me mantendo aos tropeços nas linhas tênues do teu querer, açodado, pelas poças que se formam do que mana da tua libido, arrebatado pelo que tua boca sopra para suster a minha memória fugaz.
Por tudo o pronome possessivo impera pelo ar, cordas vocais, língua. Vai tanto de encontro a realidade que é real agora eu me encontrar tão teu.
E que sobre esse céu cinza. 

Sinapses

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