Faça o dobro, faça de
novo, mais uma vez, vomite, coma o vomito, almoce de novo, jante
outra vez, custe, seja custoso, novamente, pule, corra, atingindo o
melhor do batimento cardíaco. Chore e grite cinco mil vezes.
Ele é feliz, todos
sabem disso; sua mãe, vó e Tia, todos sabem que sim, sorriso
encantador... para isso, o garoto realiza tudo que faz em cinco mil
vezes sem parar para pensar; o mesmo é orador e engenheiro, faz tudo
em alto e bom som, bom volume musical, encorpado, muita energia,
redobrada atenção, gesticula, nova atenção, mastigação
demorada, retorna, apresentando-se, progredindo mil vezes, não esta
bom, sem satisfação, irrequieto, chafurde ia-se em ralos sujos em
busca de diversão.
Dona Dedimar, avó do
sujeito, chama-o para a ceia, após um ano sem rever o peste
envelhecido, carinhosamente, homenageia-o com palavras doces e
meigas, de uma senhorinha vovozinha fofinha, dedicada ao lar. Pois é
natal, todos estão à mesa, todos querendo refletir, todos querendo
ajudar e todos seguindo bons valores.
…Eu sei, tia, é tudo
muito repetido, essas coisas são assim, não vejo graça nisso.
Vire-se e vire-se várias vezes, sempre com esse vocabulário sem
boas nuances, não vejo ligação entre essas palavras.
Todos na rua são
assim, é por isso que sou infeliz no natal, não dou valor pra essas
vidas, para os nossos sonhos irrealizáveis, essa data não me torna
capaz de ser feliz, portanto, obrigado pelas meias e palavras.
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