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sábado, 31 de dezembro de 2011
2011 FOI UM INVENTO, MOVIMENTADO
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sábado, 24 de dezembro de 2011
sexta-feira, 23 de dezembro de 2011
Sobre a Chegada
Sabe, às vezes é tão louco que não sei dizer da hora que invade e patenteia tudo: nome, corpo, antro, o entro, o mundo.
A expressão "foda-se" pixada em meus muros. O "enfim..." escorando a minha porta.
Não concluo nada além do toque, não concluo nada além do nós - sinédoque para falar de vida.
Margeei conceitos, esperando, a fim de intitular nossa história. Porém, diviso agora que as melhores não possuem título. São aquelas sem sobreaviso, atavio. Aquelas histórias que vêm, sem roupa, contar, dizer do que é feita e deixar com gosto de mais uma vez.
No soslaio - garantindo-me - quero saber como andam teus pensamentos, como anda o teu sorriso - se amarelo dos cigarros ou da dúvida de teus permeios - onde andam teus pés.
Na tua voz, o cheiro da saudade vem fremir-me desde a menor parte da matéria. É o arrepio de uma certeza que não sabe se certeza é. Mas ela vem, feito vontade de comer, feito fatal.
E no gole de nossa discussão sobre as vãs razões de um futuro, não nego minha sede. Mas dormiria aqui, no bastião do teu olhar, seguro desta noite e do que se fará a aurora.
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quinta-feira, 22 de dezembro de 2011
Quando mesmo?
Se o tempo que nos espera, no curto de seu viver, se consome no lento cozinhar desses mal ditos caprichos. Falta ciência? Nisso não creio, paixão.
Mesmo assim, por mais tortos os nossos destinos, teremos sempre a manhã. Não faltaraão negações, dúvidas ou anseios.
Na surpresa, nossa única certeza.
Sempre no entanto amanhã...
Diga, você, vale a pena?
domingo, 18 de dezembro de 2011
Ama(dor)
Sandice cúmplice do ar que eu respiro, vago destinos sei não.. amar a derrocada, esperando sua vez mais cor e brilho nesta confecção de lugares, em mortes vivas, ainda ginga no precipício mais perto do onde amar a contento é viver no mal tempo. Vejo sua lua longe deste mar, loucura viverá. Sem alma não existe gritaria própria, estes fins para o autor, é meio (alternativa) encontrado, por necessidade ele deseja viver, opaco e gélido; perdendo a cor; sem suor... caiu a sua última lágrima, sem saber que é nada, surtiu um imenso efeito agora.
Escultura barroca, redonda fálica, perdida no tempo, agrada aos que passaram por tudo ou nada volto ao mesmo ponto, perto do que me faz ver e obedecer, o mais qualificado sermão de sorte. O cachorro da esquina vai te morder, posteriormente, mijar em você. Tweetar
Hospício
O que é isso que vejo refletido no que a luz projeta para mim senão a sombra de algo que sobressai, atrai como ímã, vigora por todos os espaços e canta maldito por todo este ser?
O que é que me faz escopo de uma soma de covas rasas? Que me lambe a face fria de olhar distante? O que é?
O curso d'água é imprevisível - insípida, mas tem olor, corrompe e alivía a sede como nenhuma outra coisa - e o barquinho de papel - essa nossa frágil certeza - não tem direção.
Acho que isso vem um pouco do moço instante que pari sempre o inesperado e se aproveita da força que têm estes preceitos impolidos, para se ver no altar, batizado, pela mesma água.
Que lei da atração é essa, incoerente, de barbas de molho para o que lhe é intento?
Vem tudo por culpa, por medo? Ou pelo simples fato da vinda?
Parece até brincadeira. Uma peça de mal gosto que aviva o sonho aflitivo de ser eterno ecrã da vida perspicaz. Quando o doido é a comicidade.
Mas vou indo e vindo, no vário da insanidade que sempre arruma um jeito de seduzir.
Pelo simples motivo de ser simples, danço no salão lotado por meus fantasmas, me sentindo seguro por reconhecer aquilo como real.
De rompantes em rompantes me moldo e me vejo louco também. Viajo léguas, em busca de encontrar novamente, para logo depois se ver livre desta loucura. E começar tudo outra vez.
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terça-feira, 13 de dezembro de 2011
Sobre a ausência
sexta-feira, 9 de dezembro de 2011
Mais direto
terça-feira, 6 de dezembro de 2011
Indie agora é samba
sexta-feira, 2 de dezembro de 2011
Estóico
Abrirdes os caminhos, meu destino. Dardes com fogo o sabor de tuas investidas. Abraçardes com espinhos no tenro de teus lençóis. Condecorardes, na tarde cinzenta, com a recompensa dada por epopéias de grandes heróis.
Não desbravei mares em busca de leviatãs, nem labirintos por minotauros. Mas vivi, breve, titã, guerreiro de escudos descidos e de armas encostadas para desatinar-me em ambrosia divina.
***
Tomando outras metáforas, como referência, tentando ser mais claro; me senti libertário. A garganta que grita "Porra!". A ureta que ejacula "Liberdade!" em seios, bundas, pernas, bocas. A revolução das loucuras educadas pelo surreal. A resistência frente a opressão dos suspiros indissolúveis. A overdose matiz na matriz da resolução monocromática.
Eram massas tentando se unir no espaço enquanto falo, declamo, calões na catarse do caos tântrico.
E as roupas que sempre cumprem seus papéis contra o que é fato, são exíguos amontoados (montanhas) agora, tentando esconder o espetáculo da fome pela carne.
A saliva, ablução. É batismo que encerra pecados.
Aqui, o coração, só bombeia sangue pelo corpo, pelo vício e pelo exato.
Pêlos, peles, dentes, línguas, unhas, cheiros: vedetes, deveras, de um sopro inato.
É tentar agarrar o tempo com as mãos e se esconder por debaixo; na lascívia perene dos nossos atos, na aguerrida e lacônica paixão de nossos beijos.
Seria Rivera, Kahlo e Felix na consolidação de seus desejos.
Seria Zeus, Sêmele e Hera no fulgurante arbítrio da volúpia.
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quarta-feira, 30 de novembro de 2011
SAÍDA PELA JANELA
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segunda-feira, 28 de novembro de 2011
Projeto
Toda a tecnicidade que tenho nada me adianta. De que me serve o que não tem sentido? Aquilo que trago em meu peito, escarro e assim me parece muito bom. Jogo com ela e com todo o mais, pronto, bacana... Estou aqui e me parece ideal. Se me engano? não, não creio. Porque deveria ser diferente? Amem a minha prosa, meu verso rasgado, minha agonia de estar preto no branco e, assim sendo, estou satisfeito. Signifca essa porra toda alguma coisa? Jamais saberemos antes do fim. Fico no meio (lugar comum) de tanta coisa dita apenas e somente apenas por não ter ainda a consciência de quão longe chegarão as projeções daqui. Não que de fato me importe. Se bem que, de fato, outrossim não me daria ao trabalho de externar tamanho lirismo. Não por gozar de estar onde estou, mas porque não sei ser mais do que eu posso agora. Dou o que tenho, e o que tenho então a dar é bastante. Será mesmo? ah, que importa?! Fecho meus olhos e lá fora há barulho de chuva: cá dentro, não. Um dia hei de olhar pra trás e rir me de tanta inocência. Se hei de sentir falta de tanto quanto pra trás ficou, isso sim é coisa que só quando estiver além devo saber melhor. Melhor, assim, não sei se quero. Não que faça tanta diferença. São só palavras, imagens distorcidas . De perto não se percebe o tamanho que tem tudo isso. Mas sei sempre que tudo que tiver a dar, darei. Seja a você, parte indissolúvel de mim hoje, seja àmanhã, parte de você que a mim ainda não coube. Eis aí o foco onde, por fim me encerro.
Tweetarquinta-feira, 24 de novembro de 2011
quarta-feira, 23 de novembro de 2011
Ser-tão de você
Um dia desses, dentro de um transporte público, um metrô para ser mais exato, um senhor sentado a minha frente, vira-se para mim e diz: - Preguiça de escovar os dentes quando se está com sono, prestes a dormir.
Achei aquilo fora de contexto, pensei ter perdido algo, então, me prontifiquei a lançar a velha expressão de indagação: - Hã?
Logo ele veio, animado por eu ter dado atenção ao que queria dizer: - Preguiça de escovar os dentes quando se está com sono, prestes a dormir. Todo mundo tem isso, não é?
Eu:
- É, tem sim! (Concordei, assentindo com a cabeça.)
O velho:
- Poxa, mas nenhuma preguiça era igual a da minha amada!
- Eu dizia para ela: Vai dormir e se esquecer de escovar os dentes, hein?!
- E ela sempre me respondia: Deixa isso pra lá, depois eu vou, me abrace agora.
- E esse abraço era o melhor do dia inteiro. Parecia me proteger de tudo, sabe?
- Ah, como amei aquela mulher!
Eu:
- O que aconteceu com ela? (Perguntei, já totalmente imerso no mundo daquele macróbio.)
O velho:
- Ela foi embora!
- Me deu meia dúzia de palavras de satisfação e partiu. Disse que eu não entenderia!
- Como eu não entenderia?
- Amei esta mulher e continuo amando-a!
- Como não entenderia?
Eu:
- De repente ela se percebeu não te amar e resolveu terminar tudo antes que as coisas ficassem piores para os dois! (Eu sou uma péssima pessoa para se desabafar, mas o grisalho indivíduo pareceu não se importar com isso.)
O velho:
- É, talvez!
- Mas será que ela não me amou, nem um pouco?
Eu:
- Quem ama, ama. Não existem proporções!
- É uma coisa só!
- Ou ama-se ou não!
O velho:
- Mas aquele abraço me dizia tanto!
Eu:
- Dizia o que você queria ouvir ou o que realmente significava?
O velho:
- Não sei!
- Acho que o que eu queria ouvir!
- É estranho eu encontrar respostas, aqui, em um jovem que eu não conheça!
- Isso só mostra o quanto sabemos da vida: Nada!
- Eu poderia jurar que viveria eternamente com aquela mulher!
- Hoje eu a vi, do outro lado da rua. Vi com olhos de ira, dor, alegria... um compilado de todas as emoções, sabe?
- Ela me viu, se aproximou, nada dizendo, me abraçou aquele abraço, o da preguiça de escovar os dentes, e me disse: Um dia você vai entender!
- Eu sou senil, estou próximo do fim e ainda não entendi!
Eu:
- Você deve estar revivendo tudo agora, não é? (Ávido eu, a tentar saber o que se passava na cabeça daquele velho.)
O velho:
- Sim. Parece que eu estou num deserto, numa aridez terrível, onde a todo tempo as miragens dos oásis me vêm embair e minha sede só me arranca a lucidez!
- Todas estas miragens possuem o mesmo nome. A salvação inalcançável. Todas elas se chamam... Opa, é aqui que eu fico!
- Está é minha parada!
- Adeus meu jovem e obrigado pela conversa, por ter me ouvido. Obrigado mesmo!
Eu:
- Ok, mas e o nome da mulher de sua vida? (A curiosidade gritou por mim naquele momento. Ele não poderia ir embora sem me dizer o nome da figura tão emblemática. Precisava de um título para a imagem que construía em minha mente.)
O velho:
- Ah sim! O nome dela é...
Ele disse, nome e sobrenome. Aquilo me foi um golpe sem medida, me atordoou e me prontou estático, afogado em perplexidade.
Sem reação, vi a porta se fechar atrás daquele idoso ser que acabara de me jogar uma bomba no colo, não sei se de propósito ou se por acaso.
E o metrô seguiu o seu percurso, como o sangue latejante em minhas artérias estupefatas.
A imagem é edificada em minha cabeça. Mais patente, impossível.
O nome que ele revelara era o de minha mãe.
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sábado, 19 de novembro de 2011
Sobre a Partida
Quantas vezes contara os passos que darias para chegar até aqui?
O receio é patente maior. O desejo, amante. Tentamos em outros traços traçar outros caminhos. Mas somos duas retas, meu bem.
Deixa a boca, então contar por nós. Deixa os olhos se negarem como algozes de uma promessa que fica prometida. Deixa o sangue correr quente, enquanto nos atrasamos para o futuro. Enquanto a solidão nos pretende.
Partamos, então em nome de alguma coisa que não sei o quê. Que faz de mim criança birrenta. Que faz de nós impelidores de uma vaidade.
C'est la vie
A vida, ao passo de sua grandeza, reservou um pouco de seu tempo para nos saborear. Paladar que vicia. Aquele que escorre pelos cantos. Aquele que não há rédeas. É feito droga. Usualmente, procura e aspira com todo fervor para tentar entender o que se passa.
O que dilata delata o imprescindível. E no meio de tanto suor, saliva, pálpebras e suspiros, vê-se aluna, expectadora do sublime: O que não se pode ter por querer. É ter sem se ver. É sentir. É abrir um embrulho de presente sem saber o que há. É deixar-se ganhar para ser vencido. É abraçar sem precedentes; esquecer dos pesos dos ombros e deixar os ouvidos para a respiração. É imitar o andar como brincadeira. É saber exatamente o som do arrastar daquelas sandálias. É saber a hora da boca, a hora da língua. É ter vontade só de olhar.
E numa abstinência forçosa somos transformados pela vida em hesitação. Pois a distância é instância para o que não se conhece. E ela vai querendo fazer de nós passado.
Pois somos duas retas, meu bem. Mas saiba que as retas se encontram no infinito.
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terça-feira, 15 de novembro de 2011
Prisão Sem Muros
Na casa assumida pela rotina virulenta do teu pensamento o criado-mudo é o que se destaca. Na solidez do teu silêncio, brada, ele, pelos logos engolidos por suas gavetas. Ironicamente, este é posto ao lado da cama, onde mais habita você que é, completo letargia. Como pó que o vento insiste em carregar, num bailado circular, na rarefação do que acha ser rota.
Os teus olhos se bastam em seguir as pessoas, lá fora, com suas maletas/muletas cheias de incertezas, ambições e papéis que tão muito deles, tão pouco fiéis. A brincadeira de ser deus já não cansa mais nem as pernas.
Periodicamente, na tua janela, procura teus muros; a sustentação desse universo insustentável. Passa a viver do mito, travestido maldito que se estende no escrito, com um medidor moralista nas mãos. Na linha do teu bem-estar, sublinhada, consoante aos teus gritos debaldes, entrelinhada à tua verdadeira essência vogal. Todas fagocitadas pelo mesmo criado, criado para ser mudo.
E o que rodeia gira e te faz água sem moinho para mover, faz querer sem desejar; aglutinado ao que todo o mundo já escreveu em tua carne, não te excitando nem a passar do limite que divide a rua do teu quintal.
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domingo, 13 de novembro de 2011
terça-feira, 8 de novembro de 2011
Soneto dos Reis
Sou poeta por fado
Sou tristonho, galante
Definido no falo
Feito à força sereno
Inaudito gigante
Nunca o amor mais ameno
Sempre pontual amante
É viver uma África
É o futuro arte intacta
Pretensões? Umas mil
A mucama o pariu
A sinhá o inducou
Casa amada Brasil
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quarta-feira, 2 de novembro de 2011
Sexta
A campanhia tocou.
Como nunca recebeu visitas, nesses dias, a essas horas, achou estranho. O porteiro não avisou quem seria, logo, imaginou quem fosse.
Abriu a porta:
- Oi!
- Oi!
- Como você está?
- Nada bem e você?
- Eu estou bem!
- Como assim você está bem?!
- Estou bem. Ora, não fora isso que perguntara?
- Mas, eu não estou bem, por sua causa!
- Isso quer dizer que eu precise estar mal também?
- Ao menos, depois de tudo que me fizeste!
- O que eu te fizera?
- O quê? É sério que me perguntas isso?
- Sim, pergunto, por quê?
- Tu acabaste com a minha vida, fizeste dela um solilóquio perene, nivelou minhas preferências por cima e agora ninguém mais me apetece. Não te sentes nem um pouco mal por isso?
- Porque deveria me sentir? Souberas o tempo todo como eu era, mesmo assim quis tentar. Fora bom durante algum tempo, mas cansei.
- Cansaste por que, se te dei de tudo? Amor, atenção, carinho, doses medidas de desprezo, sexo, um homeopático ciúme e tudo mais?
- Mas quem disse que fora assim que eu sempre quisera?
- Então quer dizer que dependeu de mim, a longevidade do que vivemos? Onde eu errei?
- Não souberas aproveitar a ocasião, estivera ciente desde o início até onde isso iria, deixara bem claro. - Se preocuparas demais com o futuro e esqueceras do presente. Agora tudo isso é passado!
- O que vieste fazer aqui, então?
- Vim saber se estás bem!
- Já viste que não estou, não é? Por que não parte agora, não só daqui, mas em mil pedaços e suma nos quatro ventos?!
- Mas, vou deixar um pedaço, eu sei; e você o manterá, eterno, alimento.
- Só para completar o que eu dissera: você acha que fizeras o que deverias para manter-me contigo?
- A sua atenção fora silêncio. Não houvera diálogo, uma troca de sabores, não houvera completude um no outro. Não encontrara, em você, o que me transformaria, no melhor que eu poderia ser, como dizia Quintana. Não tivera isso, e sim, coisas superficiais que desembocaram num querer ralo, longe da profundeza do que aguardo.
- E o sexo fora bom, admito, mas o seu oral nunca fora lá essas coisas e eu odiava quando chupavas as minhas orelhas.
- Tu, realmente, vais, daí, dessa sua beleza imponente como uma pintura renascentista, me jogar tudo isso na cara?
- Foi tu que perguntaras. Só vim ver como estás. Porque te gosto. És muito importante para a minha vida!
- Se sou, não deverias me fazer sofrer tanto!
- Mas o que te farias não sofrer?
- Voltar pra mim!
- Mas se eu voltar, sofrerás ainda mais!
- Não me importo!
- Mas eu sim!
- Por que veio, afinal?
- Quis te ver, saber se estás bem!
- Adeus, então!
- Adeus?
- Adeus!
Observou da janela, ir embora, tudo aquilo que intitulava ser primazia. Mas fechou os olhos, por descontentamento, e não viu que, lá embaixo, olha-se para trás, para o seu apartamento.
Ele não viu que aquele olhar sublevava tudo o que ela havia dito. Não viu e deixou passar que naqueles olhos estavam o medo e a expectativa.
Mal sabiam o destino que os aguardava caso se entreolhassem. Eu sabia. Eu sei, pois, fui eu quem os inventou. Sei quem sofreu por não ver a amargura esperada. Quem sofreu por saber que logo esqueceria.
Sou o deus deste meu pequeno mundo de duas pessoas e em minha onipotência escolho o fim. Eu escolho quem é pilatos, quem é cristo. Este é o meu universo.
Então, foi-se embora, embora quisesse ficar.
Doravante, a partir da alvorada, isto aqui será o meu shabbat.
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terça-feira, 1 de novembro de 2011
Reconstitui-se.
Roubando de si mesmo.
Ora, por que não roubar de si mesmo, então? Nesta última e possível sinfonia de modernidade: Plágio, ao invés da criação. Plágio de si mesmo, retorno eterno (vice-versa), correndo em volta do próprio corpo, ateando fogo contra a própria mente. Nessas conversações e guerrilhas consigo mesmo, poderíamos desalojar nossas falsas certezas?! Sim. Roube de si mesmo e investigue-as se puder, até cansar. Se não sustentar, caia! Até conhecer a dor de perto, pois somente quem caiu pode contar os infortúnios e os perigos a que se encontram expostos - O momento da queda.
Subvertendo.
Surge! Urge! Grita! Ao invés de buscar as formas puras expressas numa única idéia, atente-se para as miríades de detalhes da sensibilidade; ao invés de buscar contemplação ao sol, divirta-se com as inúmeras possibilidades do teatro de sombras no interior da caverna. Eis que a subversão toma-lhe a existência do alto, distância vertical da ironia que insiste essa absurda hierarquia, e apreende novamente em sua origem. A ironia eleva e subverte; o humor faz cair e perverte.
Observe que ela, pobre subversão, está de joelhos diante o cogito da mercadoria. Ela se sente pequena - já sabemos - e tão só diante de tantas outras potenciais alimentadas pela promoção comercial que se apropriou dos termos "conceito" e "criativo". Por fim, se ela chegar a morrer, pelo menos iremos rir. - O momento da análise.
Era uma vez...
Um criminoso que disse em um momento de grande transcendência contra a própria vida: Uma vida não contém nada mais do que virtuais. Disse ele que a vida é composta de virtualidades, acontecimentos, singularidades. Seria esta?
Criminoso este que modificou a forma de analisar o desejo, de pensar, de (pós)estruturar. Ainda acredito nesta verdade, neste legado, por mais platônico que possa aparentar (blé). Haverá um dia em que não irei destruir tudo de novo, eu sei.. Mesmo que martelando posteriormente pelo apêndice do erro irei avaliar o seu belo busto de bronze, contemplando a beleza em seu mais íntimo refúgio.
É tudo o que desejo. O caos reforma a ordem. - O momento da ressurreição.
segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Barbante
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domingo, 30 de outubro de 2011
O Mar Pela Janela
Já te vi, uma miríade de vezes. Mas por que então agora?
Te sorri e você fingiu. Abrira mão de um pensamento corrente, para tentar se explicar, saber de onde vinham aqueles olhos. Se de uma festa onde acontecera de tudo, se de uma noite mal dormida, se de um dia de pura solidão ou se do nada.
Escolhera um levantar de sobrancelhas, nos moldes de: E aí, vai ficar assim ou vai me dizer o que seja. Você está estranho hoje, não me cumprimentara!
Mas eu não sei o que me dera desta vez!
Nesse vaivém de olhares, como onda quebrando na pedra - engraçado, é a onda que quebra? - aqueles que quando se encontram, se desviam, uma hora me afoguei, não te achei, na multidão que se colecionava, na noite progressivamente menos fria.
E como numa chegada à superfície, de um longo mergulho, arquejante me joguei, às braçadas, no mar dos corpos dançantes.
Te encontrei, procurando meus olhos nos outros tantos. Me aproximei, anulado por teu sorriso, mudo pelo bradar do significado.
Tormenta.
Sem uma só palavra, aspiramos coléricos ares de uma vontade e fizemos tempestade. Na insensatez abluída pelos nossos beijos, pelo reconhecimento, por nossas mãos, de nossos ressaltos. Pelo mar revolto por trás das pálpebras, pela enxurrada da libido. Ais de uma ignomínia sufocado por um querer surgido. Inopinada ilha vulcânica que antes não se via.
Calmaria.
No paradoxo da morosidade que se levou com a fugacidade que se teve, me perco e me vejo, náufrago, perdido. E o cheiro do mar, dissoluto, remete a infância, juventude e mais tudo aquilo que o resoluto ocaso criou e desaguou!
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sábado, 29 de outubro de 2011
Significante
Fazes caretas para tuas escolhas
Nas maçãs as lágrimas secas
Do gênesis pecado desta tua bolha
Carinhos novos te fazem comum
Âmbar nas sombras ociosas
Num sol que só acende copas
Copos, desespero, abstração
Entreabrindo cortinas empoeiradas
Re-insignificando, em bocejos, coração
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Reis (in: ) Satisfeito
Quero tudo o que não me pertence, porque o que é meu já não me basta. Deem me o Mundo, deem me Gaia, deem me Ela numa bandeja de prata. Me joguem aos leões se preciso - pouco me importa.
Das cinzas do meu cigarro vem me o gosto pouco doce da vida, e como é bom, não? Inspiro e trago pra dentro tudo quanto aspiro, todo oxigênio e grandeza de uma paisagem onde me insiro mas não caibo.
Sim, sou da vida, por mais que ela me negue. Não suporto o peso da terra e talvez por isso, mirando a Lua, queira içar me pra junto dela. Perco, logo insisto. Tweetar
quinta-feira, 27 de outubro de 2011
ADAPTAR
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terça-feira, 25 de outubro de 2011
De poucas palavras
A oratória tua, quanto deleite já não me trouxe pelas papilas macias de teu tapete quente e úmido?
Que seja essa minha cela, e que nela me prenda.Acho que te amo, mas não o digo. Não sei. Amor não se acha assim. Te digo então o que eu acho, ora, e é que amor não se diz: Amor se faz.
Circus
Corro, na ciência da circularidade do percurso!
Concorda sempre porque (a)corda bamba, trapézio, se deteriora. Espetáculo para ninguém ver. Despojos de uma loucura infinita. Fazemo-nos de negação na lona da mentira. É palhaço em chamas numa platéia às gargalhadas. É o malabarista que deixa as lâminas caírem em seu número. A danação do domador de feras, visto sorte, que se encontra acuado num canto da jaula. A morte no globo da morte.
Nos vemos assim, sem expectativas de outros caminhos, sem sombras, brios. A um passo do fim da prancha.
A tentativa é falha desde que você abriu os olhos!
São corpúsculos de necessidades que penetram as narinas vermelhas. É a derme cálida de nossa tez acesa. É o ébrio que aplaude a nossa circense ilusão.
Tudo que fora, de fora a fora, em dimensão, em ganho, se choca com outra coisa que não sei o quê. Que faz diluída a poesia, que consome em ironia a proposição.
E a saída é logo alí!?
Arquibancada vazia, desmonta-se para partir e ser galhofa em outro lugar.
Mas é sempre a mesma audiência, mesma trupe, mesmo roupa, mesmo medo, mesmo tesão. Outra alegria, outra dor, outrossim, outro não.
E ainda dizem que os concordantes não se dispoem!
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segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Regime.
quinta-feira, 20 de outubro de 2011
Fragmento - A existência em episódios.
Rabuja
Aguardava a minha usual condução passar, rumo ao meu trabalho, quando esbarrei em uma senhora que me execrou por tal feito. Percebi que haviam mais outras duas com ela; eram avó, mãe e filha. As três pareciam ter a mesma idade. Todas rancorosas, manquitolantes e cheirando a roupa de muito tempo guardada no armário.
Lembrei que essas senhoras são famigeradas aqui pelas redondezas onde resido: são mulheres que não falam com ninguém, além delas próprias. E quando a necessidade de dialogar com outro é inevitável, são totalmente rijas e sarcásticas. Além disso, não se sabe mais nada sobre ímpares criaturas.
Odientas pelo acaso, pelo ventre? Não sei! Mas senti um certo calafrio ao me ver, numa consequência, como tais.
Ora, o que há de errado em ser rabugento? É sarna que já não me sai. É parte do meu todo. Sou eu, travestido da ironia da vida.
Será que este é o meu tal fado que tanto minha mãe dizia? Meu filho, assim, deste jeito, vais terminar com ninguém, a não ser que encontres uma pessoa tão ríspida quanto, que te entenda!
Será um mecanismo de defesa que virou a máquina inteira?
Assemelha-se mal humor à tristeza, mas o sarcasmo discorda.
E é tão bom atropelar, as pessoas, neste trem descarrilado, para o que nos cerca. Pois nada é tão verde assim!
Reclama-se por haver de se reclamar!
É prazenteiro ver os filmes do Woody Allen, e os seus personagens - onde a maioria das vezes ele próprio atua - tão reclamantes de tudo, com tiradas geniais a qualquer sentença alheia, sobejando ironia. É boníssimo se reconhecer alí, dar gargalhadas por entender a piada e um sorriso de canto de boca, de alívio, por não se sentir só, nessa grande e única tribo sem acordo, que lê-se: humanidade (ha!).
Minhas opiniões não possuem escudos. Vão de peito aberto, na direção do golpe do ocaso que quer se entender alvorada.
É tudo preto e branco - pessimista? Não, realista! Misantropo? Talvez! - sem o verde, sem o cinza, sem o azul. Mãos coladas no corpo e a velha convicção do carnaval, onde a alegoria quer dizer o que estampa mesmo.
Ainda sou jovem, mas será este, o beijo do destino para quem já deixou de sonhar, minhas três ranzinzas senhoras?
Será?
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quarta-feira, 19 de outubro de 2011
NIRVANA
Foda-se a alma, foda-se tudo, foda-se o que você pensa, foda-se o que você come, foda-se o que você quer, foda-se o que compra, foda-se o que diz, foda-se o coração, foda-se a gratidão, foda-se a honra, foda-se consideração, foda-se a vida, foda-se seu deus, foda-se o sangue, foda-se história, foda-se compaixão, foda-se união, foda-se rejeição, foda-se peixe, foda-se gado, foda-se raiva, foda-se amor, foda-se sorte, foda-se coisa fofa, foda-se Paulo Coelho, foda-se vestir, foda-se dinheiro, foda-se essa cidade, foda-se essas pessoas, foda-se o céu, foda-se o inferno, foda-se atitude, foda-se ser, foda-se ouvir, foda-se existir, foda-se morrer, foda-se isso aqui.... Tweetar
segunda-feira, 17 de outubro de 2011
Coro
Porra e como eu gosto!
Mas que coisa é essa que nos aflige? Tudo quanto é ser do-ente se vê, sem querer, assim, incurável. Atrás de soluções para problemas criados por si próprios. Vestindo cicatrizes por medo. Procurando vacinas em nossos gritos.
Voa, filho da puta, voa!
Já quis estar do outro lado para chamar o vício, pecado, e me censurar por amar-te.
Ora, mas que aflição é essa? Ontem já foi presente. O presente que recebe, sucedâneo, novas asas de anjo. O pretérito imperfeito, halo. E o futuro do pretérito que se consome manto.
Ah, querubim maldito! Arrasta-se por não querer voar. Fita com o olhar algo que te é invisível. Claudica em suas conclusões e faz de um momento, abismo. Criando luz aqui, enquanto a escuridão devora todo o resto.
Se o que toca só atingisse a si mesmo!
Num gole de vaidade embriaga-se e encontra a linha tênue entre os seus martírios e sua felicidade. Mas por certo, tropeça, nesta mesma linha, incidindo em novos ápteros, numa sarjeta coberta de penas, já se abrigando - com os seus membros alados - contra os conseguintes que vêm a cair.
E olha que nem são feitas de cera.
Nesse enleio de tantos conflitos, nesse préstito para o fim da esperança, protele os teus passos, certifique-se da circunferência. Pois o mais pacato torna-se fera quando se encontra direção.
E vá com o que ainda te sobra de força. Pois talvez, você me encontre no meio do caminho, sorrindo, por ter perdido totalmente, asas e lucidez.
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Entre a meta e a narrativa.
Ahá! Mas como um bom pseudo, é sempre bom investir em dicas instantâneas e frases fabricadas, pois "a técnica também é fábula."
domingo, 16 de outubro de 2011
Descobre-se
Quando minha língua fere a carne
E sem rebordosa, tu descascas
Na autoridade do branco dos olhos
Sonhos antes tão compridos
Se perdem na passagem do gozo
Nos vemos abjetos, por pouco
Tratamos tudo pelos poros
Enquanto as peles se colam
Enquanto os corpos se travam
Nas batalhas silenciosas
De todas nossas injúrias
***
Quando, de assim, não mais guias
Me faço, na recusa de tais beijos
Me interpelando por pútridas vias
E me sugando, todo; o percebovejo
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quarta-feira, 12 de outubro de 2011
JUNTOS, MÃOS DADAS, EM UM MUNDO BONITO!
Você vai ver o que vai comer, pegar, sugar, chorar ou amar..
parte do jogo de viver é torná-lo modus mercantil, tendo a imagem que conduz a algum lugar, com referências fabricando atitude;
Prefiro ver a sua etiqueta demarcadora de bom sensos, espalhando frescor de bom sujeito.
Planejando o adular dos amáveis rótulos, o sujeito aparentemente mais poderoso, a moça aparentemente mais poderosa;
Sapiente, o crente não vê essência, apenas forma consciência coletiva, forma manada coletiva... manobrai-vos, quem os conhece.
Sólido, acanhado, ser humano comum, fraco... lhe resta trabalhar, por conseguinte consumir, viver o de costume...novas roupas, carros, comidas, bebidas e tecnologias, forma-se em status quo.
Sabe-se, em algum lugar, resistirá a mais nobre razão sobre a mais pobre emoção, como em “ à palo seco” , a idade mais próxima do fim da descoberta, 25 anos... é o fim da juventude, resta-nos a resignação, por fim, tirando a razão, vem as velhas distrações, que te farão esquecer de todo resto. Tweetar
terça-feira, 11 de outubro de 2011
sábado, 8 de outubro de 2011
Cura
A loja de coveniência da minha esquina
A fantasia secreta do meu carnaval
Vós sois o porquê da minha preguiça
O alívio cômico da minha sina
Seus seios grafite, meu peito mural
***
Vós sois o bandido, o mocinho
As periódicas nos bares, lupanares
O cavalo branco de Napoleão
Vós sois o revés, o carinho
O Suspiros Poéticos e Saudades
Desta minha pátria coração
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quinta-feira, 6 de outubro de 2011
quarta-feira, 5 de outubro de 2011
Cinéma
A arbitrariedade não me deixaria espectador.
Que estranho, parece que já vi este filme. A claridade da tela incomoda os olhos sedentos por uma cena em que sinta os personagens entregues, para poder se emocionar.
Eu te amo e nada nesse mundo me fará mudar!
Não vejo sinceridade requerida. Mas, talvez, no olhar de dúvida da personagem. Esse sim me prende. Me parece tão veraz que acho estar transpassando sua atuação.
A dúvida: maldito algoz do amor, maldito algoz de tudo. O purgatório da vontade. A fera de dentro do olhar, na mesquinhez que se espera.
Ela não sabia se queria. Viveu uma eternidade absorta em um pensamento que durou 5 segundos. Jurou que não iria mais ter dúvidas quanto aquilo. Mas as teve.
Dada a lacônica certeza - aquela que você conhece, que se diz certa - dúvida.
Um cigarro ao sair da sala de cinema, numa noite chuvosa - um remédio, após um filme em que você já sabia o desfecho - uma sensação morna no peito, de que precisa tomar uma atitude, no respaldo de tudo que se acabou de ver.
Outra vez. A tentativa de não errar é apenas mais uma tentativa.
Por toda a minha vida!
Na vida, além da corpórea - aquela que te mata - existe a vida da vida; aquela que você deixa nas pessoas, no tempo. E é assim, até não mais lembrarem de você. Até aquela marca, em forma de coração, na casca da árvore, do casal apaixonado, desaparecer. Até o livro que você escreveu ninguém mais ler. Até o prédio que você projetou ser demolido. Cuidamos de uma, esquecemos da outra, é sempre assim, essa balança irregular, onde o roteiro é bom, mas não a execução.
Nunca conheci alguém como você!
"Conheça-te a ti mesmo" primeiro - não sei nem se esse cara existiu - para as dúvidas serem menores que nossas mãos e possamos carregá-las em nossos bolsos; sem produção de lixo, sem mea culpa.
Rebobine.
Isto aqui parece um filme, de locação enorme, num misto de todos os gêneros, às vezes bem fotografado, às vezes não, sem direção, porém, todos sabem no que vai dar.
E as estrelas do universo são os créditos do fim.
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terça-feira, 4 de outubro de 2011
Dispara(-)te
Vim te buscar. Não se amedronte.
É que li em todos os nossos versos que chegou a hora.
Olhe pra mim. Tire essa mão do rosto.
Eu sei que dói, mas agora este é o nosso mundo.
E os olhos de quem se viam sempre a julgar, estão turvos, nas lágrimas que se confundem com os pingos da chuva, que lava esta noite, que nos revela um.
À socapa deixe suas vestes, para não alardar sobre suas pretensões - eu sei que dói. São calos nunca antes pisados. Mas me deixe te conduzir, pois por aqui existem muitas pedras. E muito cuidado com o limo presente nelas. É que aqui passava um rio, que sempre foi o mesmo, não importando quando se olhasse. Até que um dia ele passou, secou e eis então você. No contraponto de uma fluência. Na contraluz de uma essência. Nós mudamos, todo mundo muda! Estamos todos em tubos de ensaio, prontos para nos tornar um paliativo qualquer. O ruim é quando nos tornamos placebo.
Eu sei o que te (trans)torna (n)a minha presença.
Eu sei que não é fácil, que parece sortilégio. Mas está na hora de apagar esta luz e deixar os nossos sóis brilharem por suas próprias contas.
Eu sei que dói, mas, o que mais dói é não se deixar doer.
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domingo, 2 de outubro de 2011
sexta-feira, 30 de setembro de 2011
Fagulha
Não aguarda o sinal para partir. Olha a sua volta e se vê só, por não entender o porquê de ninguém entender.
Alimenta, à centelhas, os corações alheios para o mínimo de conforto.
Sabe o poder que tem, mas não usa. Mesmo assim, se abusa em não sentir para sentir e ter o que pode dar; um belo mundo em matiz, sinestésico, ímpar, com gosto de adeus.
Não sabe por que é diferente e tenta ser igual a todos.
Os seus olhos, janelas de bordas marrons, onde muitos já se perderam no que alí se cabe (tudo). Pobres tolos perseverantes, enlouquecidos.
Seus cabelos valseiam com os ventos; porto de olores entranhados. Um convite irrecusável para memórias olfativas.
Sua boca, morada de sonhos travestidos de beijos e dúvidas, como néctar, inebriando do truão ao bastião. Uma porta para as loucuras do desejo. Arma que fere a quem se deve e a quem se não.
Do corpo, eu só sei que baila e faz da vida a ocasião!
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quarta-feira, 28 de setembro de 2011
O benefício da dúvida
Leviana
Quem dera ter tua esperança, tua arrogância
Despropositada
Pudera gozar tua ganância, ignorância
Bendita
Ai, que infinita jactância a tua frieza, tua natureza
Indulgente
Nele não cabe todo Mundo, então arrebenta
De dentro pra fora.
Me sobra o avesso:
Do homem o peso
Do ontem o agora
sexta-feira, 23 de setembro de 2011
Vênus
Curioso, mas a mais brilhante, passado aquele inicial período de natural encantamento, nem parece mais tão brilhante assim. Olhe em volta. Há tantas outras!
Princesas... Caçadoras... Sátiras que nos moldam heróis. Ora, perceba, ela sequer tem luz própria! It's a gas. Missed.
Há todo um universo pra navegar, outras tantas rotas, tantas direções. Finito? Não, não mesmo.
Supernovas por todo o lado. Olhe em volta e perceba. Horizontes a se romper, lembre se: Por vezes demora mais de milênio até perceber que a estrela que admiramos já há muito está morta.
Ela, afinal? A guess. Missed.
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quinta-feira, 22 de setembro de 2011
Arena
O telefone toca.
O telefone toca outra vez.
O empedernir não é proposital. É uma coisa que veio empírica, sabe? Algo que petrifica por desgaste, na distância que esconde o gesto. Algoz de uma esperança torrada pelo sol. Atender está fora de questão.
Da janela eu vejo a rotineira ambulância na porta do asilo vizinho; mensagem de um tempo que arrebata.
Por falar em tempo, ele me pegou. Me vejo mais velho pelo espelho. Parece que tomei um "pileque homérico" nos anos passados, parece que todo o mundo tomou.
Por onde estive todo esse tempo?
Porventura vivendo de sonhos, alimentado por sândices e portentos. - me diriam
No reflexo, o sol me cabe todo nos olhos. Cerro-os para evitar as retinas queimadas; e continuo assim por um bom tempo. Até que o telefone toca mais uma vez. E eu, no susto, abro os olhos, num mundo todo meio azul, veias saltantes, me lembro do que acordara comigo mesmo: Não atender.
Pedra. Mas meu telhado é de palha. Só que eu não quero suas palavras frias na minha orelha quente ao telefone.
O que aconteceu não foi natural. Escolhas não são naturais. É que foi se perdendo os detalhes. O comodismo foi aprisionando-os um a um.
Droga! sempre detestei atender telefonemas. Um medo velado em timidez, talvez. Mas este, este em especial, este que toca agora, me bate como um sofista sem discurso. É como dizer ser "poética a presença do homem no mundo". É como é: patentemente amarga, contraditória.
Quarta vez... atendo.
Na boca a sinestesia do gosto cinza do nosso último beijo, me impedindo de despejar as palavras no bucal do aparelho nesse dia tão ensolaradamente paradoxal.
A princípio só ouço o silêncio - engraçado, né? ouvir o silêncio - logo após, a respiração ao fundo. Meu mundo cai por terra no mesmo momento. É como gostar das várias versões de uma mesma música; gosta porque é ela.
Um alô, de anteparo, me vem.
Eu te amo! - Nada mais assolador do que o que você não espera. É como estar em uma arena de gladiadores com apenas um pedaço de pão nas mãos.
Eu também, vem pra cá!?
Não posso, não consigo! - e ela desliga
E de súbito, irrompe o som do remate - o de ocupado, sabe? tu tu tu - uníssono com as cornetas do fim da minha batalha pessoal e com o meu coração. Mais literal que o que vos escrevo.
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quarta-feira, 21 de setembro de 2011
quinta-feira, 15 de setembro de 2011
quarta-feira, 14 de setembro de 2011
Tudo que é bom
Nota mental: Não deixar de curtir o que te dá prazer pelo simples motivo de que te dá prazer. Se permita curtir, se deixe gozar, se esqueça do resto do mundo e do tempo todo.
#Desintencionalidade
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segunda-feira, 12 de setembro de 2011
" (malandro) " Crente
Merda
Eu adoro quando o punk vira crente (oh oh oh)
Eu adoro quando o punk vira crente (oh oh oh)
Porque se for pra encher o saco
Que ele encha com Jesus
E não com anarquia, atitude, como ser punk
Ou me pregue numa cruz
É bom que ele tem vinil raro
E vende bem barato
Cólera, o Começo do Fim do Mundo
SUB e Ex-comungados (Ali Right!!)
diálogo durante o solo:
- E aí meu irmão.
- Liga brother, to querendo comprar aquele seu EP do Lixomania.
- Po*ra, 10 reau pra você.
- Pô, 10 reau não cara! Ta sendo muito capitalista comigo, que isso!?
- Meu irmão, cê ta moco, cara! Esse EP é raro pra car*lho! Eu só to vendendo, não sei, é porque eu não escuto mais, que minha religião não permite!
- Rapaz, agora que a sua religião não permite, por quê você vai querer um po*ra dum CD? Cê ta curtindo modinhas capitalista. Eu sei que Jesus é um cara meio capitalista, mas pô, faz um disconto aí pros brothers.
- Ta bom, ta bom, ta bom! 5 conto.
- Ah, aí é legal! Vamo fumar uma pedrinha de crack.
- Que isso? A minha religião não permite!
Ahhhh oohhh
Ah Jesus!!! Ah meu Deus!!!
P*ta que o par*u!!! Quando o punk vira crente!!!
Eu também adoro quando o punk vira crente!!! oohhh!!! oohhh!!!
Eu adoro, ha ha ha! Eu adoro quando o punk vira crente.
- Fechado o Negócio!
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sábado, 10 de setembro de 2011
Três vezes água (460°)
Cercados de água, disformes limites, convite certo a caminhos errantes. Assim se cresce por aqui, alijados do restante do mundo, representantes primeiros de tudo quanto é último. Assim se cresce.
Sozinhos, como o resto. Limitados – pela sua geografia. Limitados – pela história sua. Limitados sobretudo por seu infinito senso de limitação- e quanto pior – o seu primitivo senso de imitação. Guiados por mensagens em garrafas que teimam em atravessar os tempos. Atrasados ecos daquilo que um dia já teve sentido, restos de naufrágio. Salgados de mar e ferrugem, ecos que soam como leais cópias de diretrizes inquestionáveis.A nós, ilhéus, nativos de um mundo perdido, nos bastam. Por isso brindamos o alheio, como oferendas que nos chegam das ressacas de além mar...
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segunda-feira, 5 de setembro de 2011
- Senhor! ... deixou cair sua vida..
terça-feira, 30 de agosto de 2011
No princípio, agora e sempre
Jardim do Éden. Satisfeito com sua própria criação, Javé decide que para manter sempre impecável toda a beleza e esplendor recém criados, deveria Ele designar guardiões, gestores de toda fauna e flora que ali descansavam em berço esplêndido.
Viu pois o Senhor das Esferas as abelhas com seu zumbir agradável... Tão diligentes e felizes em ver seu trabalho ser cumprido, tão cientes e orgulhosas em poder colaborar com o bom-funcionar de suas colméias!
Mais uma olhada e percebe o Alfa e o Ômega as formiguinhas a carregar coisas de lá para cá, sempre alertas e dispostas, sem deixar um só segundo de dar seu melhor em prol da coletividade. Mas não. Ainda não era isso...
É quando percebe, extasiado, todo o potencial escondido de uma raça! Tudo aquilo que de mais absoluto, arauto maior de sua obra, tinha a oferecer o povo seu eleito. Num canto isolado do jardim, deleitando – se só, está um macaco pelado, a se masturbar feliz e despreocupado, sem saber de toda aventura que dali por diante caberia a cada filho seu e de sua subversiva Eva.
E o resto é história, meus amigos.Tweetar
sábado, 27 de agosto de 2011
Onírico
Quando acordei, levei um susto. Eu estava de bruços e tive um pesadelo. Daqueles bem soturnos que nos fazem transpirar suor e receio de que aquilo seja real.
No instante, entre o fatal e a ilusão (aquele em que você tenta entender se o vivido foi verdade ou não), eu a vi ao meu lado. Tão plácida em teu sono, um sorriso leve marcando teu rosto. Devia ser um sonho bom.
Mas, ao meu remexer na cama, na entrelinha de quem reclama que o outro não acordara, ela abre os olhos, como quem abre as janelas em um dia ensolarado:
Que foi? ela me pergunta
Pesadelo, dos terríveis!
Com o que sonhara?
Noites em fogo, um beijo, tudo de novo!
E eu dormia de bruços!
Que estranho! ela diz. Nunca te vi ter pesadelos de bruços!
Pois é, nem eu!
Me abrace e voltemos a dormir, meu bem!
Não consigo! Estou afim de sair daqui e comer sem faca, não pentear os cabelos, vestir qualquer roupa e largar um foda-se pra tudo o que você disser!
Mas você não me ama? indaga a minha amada
Amo; e é por isso mesmo que eu quero ir embora!
Você lembra do livro Édipo Rei? subitamente ela me lança
Lembro, porquê?
Não, nada. É que me veio à cabeça o fado de Édipo, os enigmas decifrados da esfinge e tudo que o acarretou por culpa das atitudes de seu pai, o rei de Tebas.
Pobre Édipo, furou seus próprios olhos ao descobrir o que tinha feito. Maldito destino. Eu lembro sim!
Pois é, maldito destino!
Leve um casaco, pois está frio para lá das portas!
É, acho que vou levar mesmo. Adeus então meu amor!
Adeus!
Caminho em direção à porta. Abro-a e um clarão me põe de volta na cama, naquele mesmo instante; entre o fatal e a ilusão:
O que foi? ela me pergunta
Pesadelo. Terrível. E eu dormia de bruços!
Que estranho, você nunca teve pesadelos de bruços...
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